USAID representava 3% do PIB moçambicano e fim agravou escassez de divisas

A agência de notação Fitch reconhece que a suspensão dos apoios da norte-americana USAID a Moçambique teve impacto, igualmente, na escassez de moeda estrangeira, sentida no país, ao representar 3% do PIB moçambicano.

Fitch espera derrapagem no défice em 2014 e mantém 'rating' de Portugal em BB+

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Lusa
04/08/2025 09:38 ‧ ontem por Lusa

Economia

Fitch

"A escassez de moeda estrangeira aumentou em 2025, em parte devido à queda dos desembolsos externos ao Governo e à suspensão da USAID", escreve a Fitch, na mais recente avaliação de notação ao país, sublinhando que aquela agência norte-americana desembolsou apoios de 586 milhões de dólares (505 milhões de euros) a Moçambique em 2024, sobretudo em projetos ligados à saúde e educação, "o equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB)".

 

O novo Governo norte-americano, liderado por Donald Trump, suspendeu no início deste ano atividade da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), fundada em 1961 com objetivo de prestar apoio humanitário internacional, com financiamentos significativos na área da saúde em Moçambique. Em 01 de julho foi anunciado o encerramento definitivo da agência.

Pelo menos 2.500 empregos perderam-se em Moçambique com o corte de ajuda externa norte-americana através da USAID, segundo dados de julho do Governo moçambicano, admitindo tratar-se de "um problema" para economia.

"O último encontro que tive com o grupo que foi criado das organizações que trabalham, que beneficiavam do financiamento, falaram de cerca de 2.500 postos [de trabalho]", disse a ministra do Trabalho, Género e Ação Social, Ivete Alane, salvaguardando que não existe "uma estimativa oficial".

Nesta avaliação de agosto, em que manteve a notação de CCC atribuída em fevereiro - o último nível antes do Incumprimento Financeiro -- a Moçambique, a Fitch admite ainda que o aumento, em abril, da parcela da conversão obrigatória das receitas de exportação para moeda local, de 30% para 50%, "aliviará parte da escassez de divisas", bem como o novo programa esperado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) até ao final do ano.

A Fitch avalia igualmente que as reservas de Moçambique são "estáveis", mas os "riscos persistem". Prevê que as reservas internacionais moçambicanas "permaneçam amplamente estáveis" em 3.500 milhões de dólares (3.020 milhões de euros) em 2025.

O Banco de Moçambique está a adotar medidas para aumentar a "fluidez" no mercado cambial, tentando redistribuir o volume de divisas disponíveis, disse em 31 de julho o governador, Rogério Zandamela.

"Essas medidas não são mais nada que ajustar daqui, tirar daqui, certos recursos, pôr no outro e acompanhar melhor", disse o governador, em conferência de imprensa, em Maputo, no final da reunião do Comité de Política Monetária (CPMO), que se realiza a cada dois meses.

"Perspetiva-se um aumento da fluidez no mercado cambial. Com vista a impulsionar as vendas ao público, o Banco de Moçambique reduziu recentemente os limites de retenção diária de divisas adquiridas pelos bancos. Esta medida complementa a decisão do aumento da taxa mínima de conversão de receitas de exportação, de 30% para 50%, o que implica maior disponibilidade e acesso às divisas", acrescentou o governador, sobre as conclusões da reunião.

Respondendo aos jornalistas, tendo em conta as preocupações dos empresários com a falta de acesso a divisas, nomeadamente para garantir importações, Zandamela apontou que "havia a necessidade de ajustar certos segmentos de liquidez".

"Eu repito, isso é muito importante. Uma coisa é a distribuição agregada da liquidez, se ela existe como um todo no nosso sistema, e a outra coisa é se está adequadamente distribuída entre os vários segmentos do país, entre os exportadores, entre os importadores, entre os investidores".

A Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique, maior associação empresarial do país, alertou em 18 de fevereiro que a falta de divisas no mercado nos bancos estava a afetar as operações, sobretudo nos setores de saúde, aviação, combustíveis e importação de produtos alimentares.

Leia Também: ONU alerta para "cascata implacável de emergências" em Moçambique

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