O negócio, avaliado em 22,8 mil milhões de dólares (21,03 mil milhões de euros), prevê a venda de uma participação de 80% num conjunto de subsidiárias portuárias que gerem 43 portos em 23 países, incluindo os terminais em ambas as extremidades do canal, em Balboa e Cristóbal.
A empresa de Hong Kong já indicou que não avançará contra as objeções chinesas. O desenvolvimento do negócio poderá ainda ser influenciado pelas negociações em curso entre os Estados Unidos e a China para pôr termo à guerra comercial iniciada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, indicou na terça-feira o jornal japonês Nikkei Asia.
Dominic Lai, vice-diretor-gerente do grupo, afirmou na assembleia geral anual de acionistas, realizada esta semana, que a empresa cooperará integralmente com as autoridades chinesas. Lai sublinhou ainda que o conglomerado jamais agiria em violação da legislação chinesa.
Em abril, a imprensa de Hong Kong avançou que a CK Hutchison pretendia separar os dois portos panamenhos do controverso acordo, numa tentativa de evitar atritos com Pequim.
Concluído sob os auspícios dos Estados Unidos em 1914, o Canal do Panamá, que atravessa a América Central, tornou-se um dos alvos de Trump assim que regressou à Casa Branca, em 20 de janeiro. O Presidente norte-americano acusou a China de controlar as operações no canal e prometeu "tomá-lo de volta".
Sob pressão de Washington, a CK Hutchison fechou em março um acordo preliminar para vender os direitos de operação efetiva dos portos.
A operação gerou críticas em Pequim, que anunciou uma investigação ao negócio. A ausência de consulta prévia à liderança do Partido Comunista Chinês terá provocado a ira das autoridades, segundo o Nikkei Asia.
Nos últimos dois meses, o jornal de Hong Kong Ta Kung Pao, próximo de Pequim, publicou uma série de artigos a apelar à CK Hutchison para desistir da venda.
O jornal defendeu que a transação "prejudicaria a segurança nacional e os interesses da China" e passou a dirigir críticas diretas à empresa, em particular à sua subsidiária imobiliária, acusada de obter lucros excessivos com projetos na China continental.
O período exclusivo de negociação com o consórcio norte-americano tem a duração de 145 dias e termina no final de julho.
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