O plano de insolvência da TiN foi aprovado, com 77% dos credores a votar favoravelmente e 23% contra, de acordo com despacho de homologação a que Lusa teve hoje acesso.
A maioria "dos credores aprovou o regresso da gerência anterior com supervisão do administrador de insolvência", acrescentou Luís Delgado, num comentário ao despacho.
O administrador da TiN rematou, sublinhando que "a maioria substancial dos credores decidiu ajudar uma empresa de comunicação social e com isso apoiou a democracia".
Em 17 de maio, a Lusa tinha noticiado que a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) e o Instituto da Segurança Social (ISS) tinham votado favoravelmente o plano de insolvência TiN.
"Na assembleia para discussão e votação da proposta do plano de insolvência, foram atribuídos votos no total de 32.227.923,51 euros", lê-se no despacho, que adianta que "excluindo as abstenções, votaram credores cujos votos totalizam o montante de 28.843.105,90 euros".
Destes credores, "77% votou favoravelmente e 23% votou contra".
O plano da TiN, que detém publicações como a Visão e a Exame, prevê a injeção de até 1,5 milhões de euros pelo acionista único, Luís Delgado.
Segundo o documento, a que a Lusa teve acesso, a TiN propõe aos credores um "compromisso de aporte de até 1,5 milhões de euros, faseadamente, e em função das necessidades da empresa para reforçar a tesouraria", por parte do acionista único.
O plano mantém ainda a intenção de suspender, licenciar ou vender publicações deficitárias como TV Mais, Telenovelas, Caras Decoração, Prima, Visão Saúde, Visão Surf e This is Portugal, sendo que, "com exceção da Telenovelas, todas as outras publicações já estão suspensas".
Prevê ainda um ajuste na periodicidade, se necessário, de algumas revistas, mantendo apenas as mais rentáveis, além da redução de 70% do espaço físico (50% já foi reduzido) e o encerramento da delegação no Porto.
Será ainda reduzido "o quadro de funcionários, proporcional à suspensão de publicações, com reestruturação interna".
Quanto ao pagamento das dívidas proposto, será faseado, no caso da AT e ISS em 150 prestações, além de um "plano de pagamento de 12 a 15 anos para credores comuns e garantidos" e da "possibilidade de permuta de publicidade para pagamento de parte das dívidas".
Para aumentar receitas, o plano prevê o "aumento de assinaturas digitais e melhoria da plataforma de 'e-commerce', parcerias estratégicas com outros grupos editoriais", a "exploração de novos formatos de conteúdo, como 'podcasts' e vídeos", e o "licenciamento de marcas para gerar receita adicional".
Quanto ao impacto desta reestruturação, a empresa aponta uma "melhoria gradual da rentabilidade, com um retorno a resultados positivos esperado a médio prazo", evitando a liquidação da empresa e "preservando postos de trabalho e ativos".
Ficará, segundo o plano, ajustado "o modelo de negócio para um formato mais sustentável, alinhado às tendências digitais", garantindo ainda o "pagamento aos credores, comparativamente a um cenário de liquidação, onde muitos não receberiam os seus créditos".
O plano prevê também a "criação imediata de uma 'task force' com dois diretores editoriais, diretora comercial, diretora financeira e diretor de recursos humanos, com a tarefa de reanalisar todos os custos e contratos passíveis de serem renegociados ou cessados, sem qualquer penalização para a empresa, e apresentar medidas e sugestões para aumentar as receitas, tendo em conta os recursos existentes" e os melhores exemplos nacionais e internacionais. As sugestões deste órgão "serão implementadas após aprovação da gerência e do administrador da insolvência".
Fundada em 2017, a Trust in News é detentora de 16 órgãos de comunicação social, em papel e plataformas digitais.
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