A APEC reúne 21 economias (Austrália, Vietname, Tailândia, Japão, Estados Unidos, Canadá, México, etc.), incluindo países asiáticos que dependem do comércio e que foram duramente atingidos pela guerra aduaneira lançada por Washington.
Os economistas da organização preveem que as exportações na região Ásia-Pacífico cresçam apenas 0,4% em 2025, em comparação com um registo de 5,7% no ano passado. As importações deverão estagnar (+0,1%).
Consequentemente, os países da APEC deverão registar um crescimento do produto interno bruto (PIB) de apenas 2,6% em 2025, estimativa que compara com 3,3% na previsão anterior da organização.
Para 2026, prevê-se agora um crescimento de 2,7%, muito abaixo do desempenho esperado para o resto do mundo (+3,3%).
Embora a organização abranja um vasto leque de economias, todas estão a sofrer: a escalada das retaliações aduaneiras "está a levar a uma perda de confiança dos investidores e a um enfraquecimento da procura", afirmou à comunicação social Carlos Kuriyama, diretor do departamento de políticas públicas da APEC, citado pela agência France Presse, em declarações à margem de uma reunião dos ministros do Comércio da organização, que se inicia hoje na Coreia do Sul.
Para além das tarifas de 25% sobre os automóveis e o aço, a Administração norte-americana do Presidente Donald Trump anunciou, no início de abril, sobretaxas aduaneiras "recíprocas" proibitivas, atualmente suspensas até julho.
Os direitos aduaneiros mais elevados penalizarão as cadeias de abastecimento, aumentarão os custos de produção, que serão transferidos para o consumidor final, e, por conseguinte, diminuirão a procura de bens", explicou Kuriyama.
Na opinião do economista, a incerteza é o pior risco: "É essencial garantir que as políticas sejam estáveis e, se houver mudanças, que sejam permanentes e não temporárias", sugeriu.
A reunião da APEC desta semana constitui-se como uma ocasião para uma série de discussões bilaterais entre o representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, que está na Coreia do Sul, e representantes dos parceiros dos Estados Unidos, incluindo o representante comercial chinês, Li Chenggang.
Pequim e Washington selaram recentemente uma pausa parcial nas pesadas sobretaxas aduaneiras recíprocas.
"Isto é positivo, mas não nos leva de volta ao ponto em que estávamos antes de abril", considerou Carlos Kuriyama.
No seio da APEC, "muitos governos estão a tentar aplicar medidas para facilitar o comércio, com o objetivo de compensar o efeito negativo das medidas norte-americanas", acrescentou, estimando, no entanto, que essas iniciativas terão um impacto limitado, porque "os Estados Unidos são a maior economia do mundo".
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