Os danos provocados pelo descarrilamento de um comboio de mercadorias, na zona do Luso, Mealhada, em maio, implicaram uma "solução provisória" para garantir a segurança, adiantou a mesma fonte da Rede Ferroviária Nacional (Refer), sem referir prazos.

Estas limitações, com "inevitáveis impactos ao nível da pontualidade", continuam "até que estejam reunidas todas as condições, alcançadas também pela reposição integral de todos os elementos constituintes da via", disse.

"De modo a garantir as condições de segurança à exploração ferroviária, tornou-se imperiosa a necessidade de introduzir algumas limitações de velocidade no troço, com particular incidência nas obras de arte: pontes e túneis", explicou Susana Abrantes, do serviço de Comunicação e Imagem daquela empresa pública.

Na quinta-feira, a Comboios de Portugal (CP) assumiu à Lusa que a circulação de comboios na Linha da Beira Alta regista atrasos, desde há três meses, devido a obras por danos graves causados pelo descarrilamento de maio, que não causou vítimas.

A Refer confirmou hoje que o acidente, envolvendo um comboio de mercadorias, provocou "danos consideráveis" na via numa "extensão muito significativa", que ronda seis quilómetros.

"Embora a Refer tudo tenha feito para minimizar o impacto destas ocorrências e as estruturas das pontes não tenham sofrido qualquer tipo de dano estrutural, os prejuízos causados, nomeadamente, nas travessas das pontes envolvidas -- com características especiais, 'stocks' limitados e morosos processos de fabrico e disponibilização -- obrigou a empresa a encontrar uma solução provisória que implica o ajustamento das velocidades máximas praticadas", acrescenta.

Numa nota enviada à Lusa, a Refer afirma que, "para além das intervenções relacionadas com a reparação de danos originados pelos descarrilamentos, encontra-se também em curso um conjunto de trabalhos de mitigação tendo em vista reduzir, tanto quanto possível, os atrasos na circulação" na Linha da Beira Alta.

Por outro lado, no âmbito do Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas 3+ (PETI3+) do Governo, estão previstos para esta linha "avultados investimentos" com o objetivo de "melhorar o corredor internacional interior norte, aumentando a eficiência do corredor logístico multimodal de ligação dos portos e das principais indústrias exportadoras do Norte e Centro de Portugal" a Espanha e ao resto da Europa.

Com esta intervenção, segundo a Refer, "serão eliminados os constrangimentos da infraestrutura de modo a tornar o transporte ferroviário, em especial o de mercadorias, mais competitivo, ao mesmo tempo que estarão reunidas as condições para melhorar a qualidade do serviço aos passageiros" nas ligações internacionais e nacionais, como nas de cariz regional ou local.

"Será ainda efetuada a renovação integral da via nos troços que carecem deste investimento e a infraestrutura será preparada para assegurar a interoperabilidade com a restante rede europeia", salienta.

As investigações ao descarrilamento de maio, na Linha da Beira Alta, ainda estão a decorrer.