Aumenta a dívida soberana detida por investidores sensíveis ao preço

A redução da dívida soberana detida pelos bancos centrais está a levar a uma mudança na base de investidores, levando a que uma fatia crescente seja adquirida pelos mais sensíveis aos preços, segundo um relatório da OCDE hoje divulgado.

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Lusa
07/03/2024 09:39 ‧ 07/03/2024 por Lusa

Economia

OCDE

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) explica que os bancos centrais têm vindo a reduzir as participações em obrigações soberanas, de forma a diminuir os seus balanços, o que aumenta o nível de oferta líquida disponível para o mercado absorver.

Segundo o relatório, esta alteração está a traduzir-se numa mudança da base de investidores, com uma percentagem crescente de obrigações detidas por investidores mais sensíveis aos preços, como o setor financeiro não bancário e as famílias.

Em 2023, a percentagem da dívida soberana detida pelos bancos centrais nacionais diminuiu em 16 países da OCDE, enquanto aumentou para gestores de ativos e fundos de cobertura nacionais em 11 países, para investidores institucionais em nove países, e para outros investidores em 10 países.

Segundo a OCDE, este quadro "indica uma absorção crescente da oferta de títulos soberanos pelo setor financeiro não bancário em tempos de aperto monetário e aumento dos rendimentos".

No entanto, a organização salienta que à medida que o 'Quantitative Tightening' (QT, na sigla em inglês, isto é, o aperto do balanço -- uma ferramenta de política monetária restritiva para diminuir a quantidade de liquidez na economia) avança, não é claro quais os investidores que irão absorver a oferta adicional de obrigações soberanas e como irão evoluir as estruturas de maturidade e os rendimentos.

"A mudança não será simplesmente um regresso à base de investidores antes dos principais programas de QE [Quantitative Easing, programas de compra em larga escala de dívida] que começaram em 2008", considera.

A OCDE destaca que como resultado do QT e da continuação do elevado endividamento, o mercado terá de absorver um "nível recorde de oferta líquida, com potenciais consequências para os custos dos empréstimos e os perfis de maturidade".

Com uma composição de investidores mais sensíveis aos preços, poderá existir uma pressão ascendente sobre os rendimentos, o que contrasta com os bancos centrais, cuja aquisição de obrigações governamentais está em grande parte desligada dos preços das obrigações, uma vez que são guiados por mandatos de estabilidade de preços, segundo o relatório.

"Da mesma forma, sob o QT, os bancos centrais tendem a ser vendedores insensíveis aos preços, prontos a vender se os seus mandatos assim o exigirem, independentemente dos preços de mercado", salienta.

A OCDE prevê ainda que a diminuição da dívida detida pelos bancos centrais também irá afetar os mercados empresariais, ao contribuir para a restritividade das condições financeiras.

Ademais, instituições como o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco do Japão detêm quantidades "consideráveis" de obrigações empresariais.

"A expansão do setor financeiro não bancário é particularmente visível no mercado de obrigações empresariais, onde os fundos de investimento aumentaram substancialmente a sua atividade", aponta a OCDE.

Leia Também: Queda dos rácios da dívida pública na OCDE impulsionada pela inflação

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