O escândalo é um teste para o novo governo iraquiano, formado no último mês depois de uma prolongada crise política.
O primeiro-ministro, Mohammed Shia al-Sudani, prometeu reprimir a corrupção, mas pouco esperam que dirigentes públicos seniores ou líderes políticos sejam responsabilizados.
A escala do desvio é relevante, até para um país rico em petróleo, onde a corrupção é desenfreada desde há décadas.
A Transparência Internacional classificou o Iraque no 157.º lugar do seu ranking de boa governação relativo a 2021, que conta com 180 Estados.
O relatório dos auditores, obtido pela Associated Press e noticiado pelo Guardian, sugere que o roubo foi organizado por uma vasta rede de dirigentes, funcionários públicos e empresários.
No profundamente enraizado sistema de patrocínio iraquiano, estes indivíduos estão associados, com frequência, a poderosos grupos políticos.
"É um processo de roubo muito organizado", considerou Jamal al-Asadi, um juiz reformado familiar com casos de corrupção.
O esquema foi revelado no último mês, quando uma auditoria interna no Ministério das Finanças apurou que a Comissão Geral dos Impostos tinha pagado fraudulentamente 3,7 biliões (milhão de milhões) de dinares (cerca de 2,4 mil milhões de euros) a cinco empresas.
Apesar da dimensão do roubo, não está claro quem, se houver mesmo alguém, pode ser responsabilizado.
Já foram detidos um empresário e dois dirigentes da autoridade fiscal e apreendidos várias propriedades e outros ativos, no valor de milhões de dólares.
Mas é considerado improvável que um esquema de corrupção desta escala tenha sido montado sem o envolvimento de dirigentes superiores.
Desde há muito que os grupos políticos no Iraque disputam o controlo dos ministérios e outras estruturas governamentais, que depois usam para dar empregos e outros favores aos seus apoiantes.
Vários grupos estão ligados a diferentes estruturas governamentais envolvidas neste esquema.
O atual governo tomou posse apenas em outubro, mais de um ano depois das eleições legislativas.
Disputas entre grupos políticos resultaram em combates de rua, que provocaram vários mortos, no início deste ano, e o maior partido parlamentar, liderado por um influente clérigo xiita, foi remetido para a oposição.
Considera-se que qualquer tentativa de responsabilizar líderes políticos pela fraude possa desencadear mais tumultos.
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