Fed e economistas criticam subrepresentação das minorias na Economia
Os dirigentes do banco central dos EUA realçaram na terça-feira a preocupação com a sub-representação das comunidades negra e hispânica no campo da economia, o que reduz as possibilidades de os economistas considerarem as suas realidades.
© Paul Yeung/Bloomberg via Getty Images
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"Se não tivermos um grupo de pessoas diversificado, não teremos os tópicos devidos para nos focarmos", afirmou o presidente do Banco da Reserva Federal (Fed) em Boston, Eric Rosengren.
Durante uma conferência na internet (webinar), patrocinada pelas 12 antenas regionais da Fed, os dirigentes desta e vários economistas externos analisaram o problema no mesmo dia em que foi divulgado um estudo, pela Brookings Institution, que salientou o facto de os principais cargos do Sistema da Reserva Federal serem ocupados de forma desproporcionada por brancos, em particular nas administrações das antenas regionais da Fed.
A pandemia do novo coronavírus e os protestos no último verão, motivados pela injustiça racial, evidenciaram à escala nacionais as disparidades antigas, de género e raça, na economia dos EUA, com taxas de desemprego cronicamente mais elevadas e acentuadamente baixos níveis de riqueza, rendimento e propriedade para os afro-americanos e os hispânicos.
Mesmo com este contexto, a Economia está atrás de outras áreas de conhecimento em termos de diversidade, apontaram os participantes, e a profissão de economista tem sido lenta em tratar o racismo como fonte de desigualdade económica.
"Raça é uma variável que os economistas minimizam", disse Raphael Bostic, o presidente do banco da Fed em Atlanta e o primeiro negro a presidir a uma antena regional do banco central nos 108 anos do Sistema. "Isto significa que tiramos conclusões que com frequência não refletem a realidade", acentuou.
Bostic apontou a adoção pela Fed, no verão passado, de um novo quadro de referência para decisões de política monetária, seguindo o qual o banco central vai esperar pelo aumento da inflação antes de decidir elevar as suas taxas de juro de referência. Antes, a Fed aumentaria as taxas com base na expectativa de a inflação ir acelerar, mesmo que esta não se viesse a verificar.
Este novo quadro, indicou Bostic, reflete o reconhecimento alargado pela Fed das consequências das suas decisões.
"Se se limita a recuperação com receios da inflação, mesmo que esta não se veja, está-se a impedir que vários grupos de pessoas participem na economia", disse. "E quando se olha para estes grupos, tendem a ser formados por pessoas de baixos rendimentos e de minorias que são as últimas a beneficiar" da recuperação.
Por outro lado, a falta de diversidade estreita o campo da pesquisa. Dania Francis, economista na Universidade do Massachusetts, e Anna Gifty Opoku-Agyeman, cofundadora do Sadie Collective, uma organização sem fins lucrativos que apoia mulheres negras na Economia, apuraram que, de 1990 a 2018, as cinco principais revistas de Economia publicaram apenas 29 'papers' (textos científicos) que analisaram explicitamente a raça e a etnicidade. Em relação ao total publicado no período e nas revistas em apreço, aqueles 29 trabalhos representaram menos de 0,5% do total.
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