"Foi lá hoje a administradora da insolvência tirar fotografias e o pessoal desistiu todo de ir para lá guardar. O nosso valor está quase todo lá dentro, mas temos muita louça cá fora pronta a carregar", disse à Lusa Fernanda Silva, que trabalhou 17 anos na empresa.
O Juízo do Comércio de Aveiro declarou na passada quinta-feira a insolvência da cerâmica Maiólica, que suspendeu a produção há cerca de um mês, deixando cerca de 50 pessoas sem trabalho.
Para administrador da insolvência foi nomeada Cláudia Margarida de Sousa Soares, tendo sido fixado um prazo de 30 dias para a reclamação de créditos.
A empresa situada na zona industrial de Albergaria-a-Velha suspendeu a laboração no dia 14 de fevereiro, por alegado corte no fornecimento de gás.
Os funcionários foram surpreendidos quando se apresentaram ao trabalho e não encontraram condições para trabalhar.
"Chegámos aqui à empresa de manhã para trabalhar e não pudemos, porque vieram cortar o gás", disse então Fernanda Silva, adiantando que a gerente que lhes referiu que a empresa "morreu", porque "tem muitas dívidas".
Na altura, Fernanda Silva referiu que os trabalhadores, na maioria mulheres, tinham em atraso o salário do mês de janeiro e parte de fevereiro.
Uma semana depois de a fábrica ter parado a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, deslocou-se ao local para manifestar solidariedade para com os trabalhadores, defendendo a necessidade de legislação que combata as falências fraudulentas e salvaguarde os direitos dos trabalhadores.