Na conferência do Banco de Portugal 'O euro 20 anos depois: a estreia, o presente e as aspirações para o futuro', que decorre em Lisboa, o economista belga falou do contraste entre o poder da União Europeia (UE) como potência comercial e o poder da vertente monetária.
Ao euro, disse, ainda faltam muitas condições (como uma verdadeira área financeira unificada) para ser "uma moeda comparável com o dólar", que é usada pelos Estados Unidos da América como instrumento do poder norte-americano no mundo.
"Mas mesmo com esses fatores pode o euro ser usado como instrumento de poder da Europa no mundo?", questionou Paul de Grauwe, acrescentando que o seu poder não poderia ser usado "devido à ausência de uma política externa comum".
"Falta um objetivo comum. Qual seria o uso do euro no mundo?", voltou a perguntar.
O economista considerou, então, que ainda "vai demorar muito tempo para o euro se tornar um instrumento de poder na cena mundial".
Contudo, terminou com uma nota de otimismo citando o ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE) Jean-Claude Trichet, que hoje também esteve presente nesta conferência, de que os Estados Unidos tardaram 200 anos até conseguir a unidade que lhes permite ter uma união monetária como instrumento de poder no mundo.
Paul de Grauwe é professor da London School of Economics e investigador do European Policy Studies em Bruxelas e do Centre for Economic Policy Research em Londres.
Integrou um órgão de aconselhamento económico de Durão Barroso quando este era presidente da Comissão Europeia. Em Portugal, é atualmente vice-presidente do Conselho Superior do Conselho de Finanças Públicas.