Fed corta taxas de juro com divisões internas e em contexto de incerteza

O banco central dos EUA, a Reserva Federal (Fed), profundamente dividido, desceu na quarta-feira a sua taxa de juro de referência, pela segunda vez este ano, declinando sinalizar mais cortes até dezembro.

federal reserve building, edifício reserva federal, Fed dos Estados Unidos EUA

© Getty Images

Lusa
19/09/2019 07:01 ‧ 19/09/2019 por Lusa

Economia

Fed

 

A decisão da Fed cortou a taxa de juro de curto prazo, que influencia parte importante dos créditos às empresas e aos particulares, em um quarto de ponto percentual, colocando-a no intervalo situado entre 1,75% e 2%.

A decisão foi aprovada por sete votos contra três, com dois dirigentes a preferirem manter as taxas sem alteração e um a defender um corte maior, de meio ponto percentual.

As divisões no comité da política monetária (FOMC, na sigla em inglês) ilustram os desafios para o presidente da Fed, Jerome Powell, em dirigir a instituição em tempos de elevada incerteza económica.

A Fed deixou a porta aberta a adicionais descidas das taxas se, como Powell acentuou durante a conferência de imprensa subsequente à reunião do FOMC, a economia norte-americana enfraquecer.

Por enquanto, sugeriu, o crescimento económico dos EUA parece sustentado pelo 11.º ano, com um mercado de trabalho sólido e um continuado consumo das famílias.

Ao mesmo tempo, a Fed procura combater ameaças que incluem incertezas provocadas pela guerra comercial do Presidente norte-americano, Donald Trump, com a China, pela redução do ritmo de crescimento global e por uma queda na indústria norte-americana.

A Fed explicou no seu comunicado que o investimento empresarial e as exportações enfraqueceram.

Os mercados bolsistas fecharam maioritariamente em alta, depois do anúncio da decisão da Fed, se bem que os investidores estejam divididos quanto à necessidade de mais cortes nas taxas de juro por parte da Fed.

Durante a sua conferência de imprensa, Powell reconheceu que os dirigentes da Fed estão profundamente divididos sobre a melhor decisão quanto às taxas de juro, devido em particular a incertezas, como os conflitos comerciais, cuja evolução está fora do controlo da Fed.

"Este é um tempo de julgamentos difíceis e perspetivas diferentes", disse Powell.

Em todo o caso, vários líderes empresariais estão céticos quanto à possibilidade de a taxa de juro ter um grande efeito económico.

O corte da taxa de juro feito na quarta-feira "não faz praticamente qualquer diferença para a economia norte-americana em si ou por si", afirmou Jamie Dimon, presidente executivo da JPMorgan Chase, que sugeriu, à semelhança de outros chefes de empresa, que as guerras comerciais de Trump são a ameaça dominante.

Entre os desafios de Powell estão as incertezas ligadas às guerras comerciais que dificultam o estabelecimento de uma taxa de juro para os próximos meses.

"Não faz sentido haver um compromisso com um rumo político quando a política monetária está a responder agora a desenvolvimentos futuros na política comercial", afirmou Bill Adams, economista na PNC Financial Services.

O corte da taxa de juro decidido agora irritou Donald Trump, que queria mais e atacou Powell.

Questionado sobre esta reação de Trump, Powell declinou responder diretamente, mas acrescentou que a independência antiga da instituição "tem servido bem o público".

 

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas