Brexit: Pescadores tranquilos mas admitem impactos para Portugal
Os pescadores e armadores portugueses estão tranquilos quanto às consequências diretas que a saída do Reino Unido da União Europeia ('Brexit') poderá ter para Portugal, mas admitem que nas trocas e exportações o país possa sair prejudicado.
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Economia Pedro Jorge Silva
"Portugal, diretamente, não terá consequências de maior caso se efetue a saída. Indiretamente, vai ter, porque as pescas que são feitas no Reino Unido, [...] são muitas vezes utilizadas para fazer [trocas] com outros países", disse à Lusa o presidente da Associação de Armadores das Pescas Industriais, Pedro Jorge Silva.
O responsável explicou que a União Europeia (UE) tem utilizado as oportunidades de pesca no Reino Unido, por vezes, para fazer permutas com países como a Noruega, sendo Portugal um dos beneficiários desse acordo.
"Portugal poderá ser prejudicado no tabuleiro das trocas e não no tabuleiro da pesca direta", vincou.
Por sua vez, o presidente da Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (ANOP -- Cerco), Humberto Jorge, defendeu que, neste momento, o 'Brexit' não é uma preocupação.
"Esta associação integra uma pescaria que a 100% é feita em águas nacionais, até mesmo em águas territoriais. Em termos da nossa atividade, [o 'Brexit] não terá nenhum impacto", indicou.
De acordo com o presidente da ANOP -- Cerco, em função de como decorrerem as negociações, o impacto pode vir a ser sentido, a longo prazo, ao nível das exportações.
"Exportamos vários produtos sob a forma de conserva [...] para aquele mercado, mas, neste momento, ainda não nos preocupa muito, na medida em que ainda não sabemos as medidas que vão ser acordadas", notou.
Contactada pela Lusa, a Plataforma de Organizações Não Governamentais Portuguesas sobre a Pesca (PONG-Pesca) referiu estar na expectativa quanto aos cenários que estão, neste momento, em cima da mesa, sublinhando que é necessário que a tomada de decisões respeite o conhecimento científico.
"O que é importante é que a tomada de decisões e a gestão seja feita com base num melhor conhecimento científico. O que nos interessa é que as pescarias sejam geridas de forma sustentável , respeitando os ecossistemas [...] e, depois, permitindo também melhor rendimento e mais garantido para os pescadores", disse o coordenador da PONG-Pesca, Gonçalo Carvalho, ressalvando que as oito organizações que englobam a plataforma ainda estão a trabalhar na análise do tema.
Quanto à discussão das possibilidades de pesca para 2019, que decorrerá hoje entre os ministros da UE, pescadores e armadores defendem que a negociação vai ser simples e sem grandes novidades, enquanto as ONG referem que a política de pescas inclui, pela primeira vez, metas ambientais claras apesar de, até à data, ter acontecido um "adiar de decisões" quanto ao 'stock' de algumas espécies.
A saída do Reino Unido da União Europeia está agendada para março de 2019, três anos após o referendo que viu 52% dos britânicos a votarem a favor do 'Brexit'.
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