"Entrava aqui no Amora às 8h e era o último a sair", conta Carlos Henriques, presidente do Amora FC, em entrevista ao Desporto ao Minuto. Trabalhador e perfeccionista. É assim que Jorge Jesus é recordado no primeiro clube que treinou.
Estávamos em 1989, quando, à 12.ª jornada, o Amora FC foi jogar ao terreno do Almancilense, onde Jesus jogava. Mário Rui – à data presidente – ficou tão espantado com a sua capacidade de liderança e organização da equipa que o contratou no final do jogo como… treinador.
A resposta não demorou a ser dada e Jesus começou a trabalhar logo na semana seguinte. Chegou para 'revolucionar' o Amora FC e, no final da época, garantiu a subida de divisão.
"O Jesus veio revolucionar o treino. Mesmo na segunda divisão, já era muito bom no que fazia, com processos mais à frente do que muitos treinadores. Ele deu uma alavancada ao próprio treino e ao próprio clube, que precisava de outro entusiasmo", disse Rui Maside, antigo jogador do Amora FC, em declarações ao Desporto ao Minuto.
"Com ele, o treino era muito mais específico. Nessa altura, pouca ou nenhuma equipa fazia marcação à zona e nós já fazíamos isso. Acrescentou algo ao futebol. E depois, trabalhando especificamente com os jogadores, melhorando-os na posição. Veio dar muita qualidade aos jogadores. Ele é rigoroso e agressivo, mas para o jogador isso é bom. Quem quiser ganhar muito dinheiro é com ele que ganha".
"Não é fácil treinar o Sporting e ele tem evoluído a equipa desde que lá chegou. Este ano, com a equipa que tem, é mais para ganhar do que para perder. Acho que este terceiro ano é uma aposta."
"Se não houver mais nenhuma manobra por trás, pode ser campeão"
Para quem gosta de jogos de futebol, não passa despercebida a atitude de Jorge Jesus no banco de suplentes. O atual treinador do Sporting está sempre de pé, a gesticular, repreender e a corrigir os seus jogadores. Mas não é de hoje.
"Há o jogador e há aquele que veste a camisola. O jogador que souber receber essa pressão e exigência dele, vai ser jogador. O que não souber encaixar, é mais difícil. Ele não é o papão, ele é só exigente. Ele quer que o jogador que seja minuto a minuto, segundo a segundo, melhor do que é. Tal como ele é no trabalho dele", acrescentou Maside, que vê com bons olhos o trabalho desenvolvido pelo técnico português no clube de Alvalade.
"Não é fácil treinar o Sporting e ele tem evoluído a equipa desde que lá chegou. Este ano, com a equipa que tem, é mais para ganhar do que para perder. Acho que este terceiro ano é uma aposta. Se não houver mais nenhuma manobra por trás, pode ser campeão. E se o deixarem chegar ao fim", completou.