Foi em 2007/08 que Celsinho ingressou no Sporting. Na altura, com 19 anos, o jovem brasileiro que mostrava várias semelhanças com Ronaldinho Gaúcho, sempre se quis afastar dessas comparações. Mas a verdade é que a expectativa sobre si era muita.
Passados nove anos, em entrevista ao Desporto ao Minuto, Celsinho explicou o que falhou na altura para não ter vingado no emblema de Alvalade. Apesar de reconhecer as oportunidades que desperdiçou, o carinho pelo Sporting mantém-se até hoje.
No início da tua carreira, chegaste a ir às seleções mais jovens do Brasil, foste apontado como o novo Ronaldinho Gaúcho… o que aconteceu para não teres tido uma carreira de grande sucesso no futebol?
Quando surgiram essas comparações, na verdade eram apenas pela aparência. Em todas as equipas em que eu joguei, sempre me rotulavam dessa forma, mas eu sempre deixei claro que essa semelhança era simplesmente física. Não tinha nada a ver em termos de qualidade futebolística, até porque, naquela época, era quase impossível ser comparado ao Ronaldinho Gaúcho, que era o melhor do mundo naquele momento.
Deixaste o Brasil e rumaste à Rússia, para o Lokomotiv. O sucesso não foi muito e procuraste uma nova oportunidade no Sporting? Achas que foi o passo certo na altura?
Foi. Quando cheguei ao Lokomotiv não me adaptei o suficiente. Tinha umas condições totalmente diferentes das do Brasil. Na Rússia acabei sofrendo um pouco com essa adaptação. Tive uma boa sequência de jogos, mas no terceiro ano acabei por perder espaço e acabei por ir para o Sporting. Isso foi a melhor coisa que eu fiz. O Sporting sempre me deu todas as oportunidades e, na época, até tinha uma proposta do Corinthians para regressar ao Brasil. Escolhi o Sporting devido à grandeza e tradição que o clube tem em Portugal e até mesmo na Europa. Era impossível recusar essa proposta. Foi o passo certíssimo e foi uma experiência fantástica. Um dos melhores clubes em que já joguei em toda a minha vida.
Tens noção de que as pessoas em Portugal, e em particular no Sporting, esperavam muito de ti? O que correu mal em Alvalade?
O Sporting foi um dos maiores ensinamentos que eu tive. Eu podia ter parado e refletido na oportunidade que perdi no Sporting. Tinha cinco anos de contrato com uma equipa fantástica, com uma estrutura fantástica e eu acabei por me empolgar com tudo e principalmente com o ‘extra-campo’ e isso foi o principal para que as coisas não corressem como eu queria. Fico bastante arrependido porque o Sporting sempre foi uma grande equipa e eu podia ter aproveitado mais.
Mas quando falas em ‘extra-campo’, a que situações te referes?
Foi o não aproveitar o tempo que eu tinha para descansar. Eu acabava extrapolando e isso atrapalhava o meu rendimento dentro de campo.
Paulo Bento era o treinador da altura no Sporting. Achas que merecias ter tido mais oportunidades para demonstrar o teu potencial, apesar dessas situações ‘extra-campo’ que apontaste?
Eu acho que tive as oportunidades necessárias. O mister Paulo Bento sempre foi muito sincero, muito direto e sempre acreditou e confiou no meu trabalho. As oportunidades foram dadas e algumas foram aproveitadas e outras não. Não tenho como rotular uma pessoa pelos meus erros. Sempre fui uma pessoa direta e realista, e não posso culpar nem o Paulo Bento, nem qualquer outra pessoa, pelos erros que cometi.
Passaste depois por um empréstimo ao Estrela da Amadora e acabaste por regressar ao Brasil. Ficaste com alguma mágoa por não teres conseguido vingar na Europa?
Não. Eu tinha como objetivo ir para a Europa e consegui isso muito cedo, logo aos 16 anos. Eu sabia que ia ser muito difícil, mas consegui manter-me um bom tempo na Europa. Foram oito anos a jogar na Europa. Infelizmente, tive alguns jogos que não correram como eu queria, mas não tenho qualquer mágoa pelo tempo que passei na Europa.
Continuas a seguir o campeonato português e a torcer pelo Sporting?
É muito complicado seguir. Tudo o que eu consigo acompanhar é devido ao meu grande amigo, quase um irmão, o Bruno César, que joga também no Sporting. Mas, sem dúvida alguma, continuo a torcer pelo Sporting. Foi um clube pelo qual aprendi a ter um carinho muito grande. Deu-me todas as oportunidades e mostrou-me o melhor caminho. Um clube com uma história fantástica e uma estrutura muito boa. Tenho um grande respeito por essa equipa.
Conheces Jorge Jesus? O que achas dele?
Só conheço pelo nome, nada mais.
A jogar no Paisandu, da 2.ª Liga do Brasil, quais são os teus objetivos para o futuro?
Ainda tenho 28 anos, não 20 como quando cheguei ao Sporting, mas ainda procuro muitas coisas. Estou a ter uma sequência de jogos muito regular nos últimos três, quatro anos. Hoje em dia também trabalho com uma empresa muito forte, e nós pensamos em novas aventuras e coisas positivas, dentro do Brasil. Mas sair do Brasil também é uma possibilidade. O meu objetivo é jogar futebol da melhor maneira possível e aproveitar. Quem sabe se um dia não volto a jogar na Europa.