A candidatura de João Norornha Lopes já reagiu, esta terça-feira, através das redes sociais, à polémica acerca do voto eletrónico nas eleições do Benfica, ao qual se posiciona contra, alertando para os estatutos que não permitem que este seja feito em urna fechada.
Em comunicado oficial, Noronha Lopes diz ter sido surpreendido "por algumas posições públicas de outras candidaturas sobre esta matéria quando ontem, durante a reunião, nenhuma delas apresentou forma concreta de compatibilizar o voto eletrónico à distância com o requisito estatutário do depósito do voto em urna fechada".
O candidato à presidência do clube da Luz explicou ainda que o voto eletrónico não é possível porque "os novos Estatutos determinam que o voto contado, mesmo eletrónico, é o depositado em urna fechada. Delegar num terceiro o depósito de um recibo que o sócio não verificou fere obviamente os Estatutos e qualquer prática eleitoral credível — algo inexistente no mundo por razões óbvias. Esta não é, como tal, uma solução técnica adequada, opinião que expressámos respeitosamente durante a reunião e que a MAG registou."
De recordar que, além de Cristóvão Carvalho, também já o atual presidente, Rui Costa, e os opositores João Noronha Lopes, João Diogo Manteigas e Martim Borges Coutinho Mayer tornaram pública a intenção de se envolverem no sufrágio que ditará o próximo presidente do clube da Luz. Já Luís Filipe Vieira poderá ser o próximo a anunciar a corrida por um cargo onde esteve durante 18 anos.
A candidatura Benfica Acima de Tudo, liderada por João Noronha Lopes, tem como prioridade para as eleições de outubro garantir, dentro dos estatutos, a maior participação de sempre. Estas eleições devem ser um exemplo de integridade, transparência e respeito pelos sócios.
— João Noronha Lopes (@jnoronhalopes) July 29, 2025
Ontem,… pic.twitter.com/cin7pnTg03
Confira o comunicado na sua íntegra:
"A candidatura Benfica Acima de Tudo, liderada por João Noronha Lopes, tem como prioridade para as eleições de outubro garantir, dentro dos estatutos, a maior participação de sempre. Estas eleições devem ser um exemplo de integridade, transparência e respeito pelos sócios.
Ontem, em reunião informal com representantes das candidaturas apresentadas até ao momento, a MAG, num registo colaborativo e de abertura que muito saudamos, propôs duas alternativas para garantir a maximização da participação eleitoral.
A primeira opção era a de estabelecer o voto eletrónico nas Regiões Autónomas e no estrangeiro, e múltiplas mesas de voto no continente, à semelhança das últimas eleições; a segunda opção era a de abrir secções de voto tanto no continente como nas Regiões Autónomas e no estrangeiro. A nossa posição foi clara: apenas a segunda opção é viável ao abrigo dos novos Estatutos.
A 9 de março de 2025, com 91% dos votos, os sócios do Sport Lisboa e Benfica aprovaram os novos Estatutos, numa demonstração notável de associativismo e democracia. Entre as alterações mais significativas está a nova regra sobre o voto eletrónico. Antes, a MAG podia impô-lo unilateralmente; agora, os sócios decidiram que isso deve mudar.
O artigo 48.º, n.º 2, estabelece que o voto é feito em boletim físico, podendo haver “a possibilidade de voto eletrónico, desde que decidido por unanimidade dos representantes das listas”. E o n.º 3 do mesmo artigo determina que “sempre que a opção for de voto eletrónico, os resultados do voto eletrónico têm de ser verificados pelos votos em urna fechada, contados e verificados por uma Comissão Eleitoral”.
Os Estatutos e a vontade expressa pelos sócios são claros: o voto eletrónico é admissível apenas com concordância de todas as listas e se for possível a contagem e verificação dos votos em urna fechada. Na prática, isto significa que o voto eletrónico — feito em máquina própria — deve gerar um recibo depositado pelo sócio numa urna física e fechada, para posterior contagem obrigatória.
Até agora, não nos foi apresentada qualquer solução técnica que respeite esta exigência no caso do voto eletrónico à distância, tornando-o a nosso ver, nos termos dos Estatutos, uma impossibilidade prática. O único esforço concreto de compatibilização destas normas veio da MAG, quando apresentou a primeira opção: centralizar em Lisboa os votos eletrónicos à distância e, depois, funcionários do clube e da empresa certificadora — credenciados pela MAG — imprimirem e depositarem os comprovativos em urna.
Com todo o respeito, entendemos que os novos Estatutos determinam que o voto contado, mesmo eletrónico, é o depositado em urna fechada. Delegar num terceiro o depósito de um recibo que o sócio não verificou fere obviamente os Estatutos e qualquer prática eleitoral credível — algo inexistente no mundo por razões óbvias. Esta não é, como tal, uma solução técnica adequada, opinião que expressámos respeitosamente durante a reunião e que a MAG registou.
Fomos, por isso, surpreendidos por algumas posições públicas de outras candidaturas sobre esta matéria quando ontem, durante a reunião, nenhuma delas apresentou forma concreta de compatibilizar o voto eletrónico à distância com o requisito estatutário do depósito do voto em urna fechada.
Quem defende alternativas deve explicar como garante cumprimento estatutário, segurança, transparência e rastreabilidade. Em eleições, intenções contam, mas detalhes contam mais. Partilhamos a preocupação do PMAG em chegar a todos os benfiquistas e consideramos que nesta matéria os novos Estatutos são claros. Esta alteração foi uma decisão ponderada e intencional dos sócios para proteger a integridade eleitoral do Sport Lisboa e Benfica.
Qualquer modalidade que ignore esta decisão soberana viola os Estatutos e a vontade dos sócios. A defesa intransigente da integridade eleitoral deve ser uma causa comum. Defender o voto físico em urna é defender o Benfica. É possível permitir a participação facilitada dos sócios que se encontram fora do continente sem violar os Estatutos.
Os Estatutos permitem — e incentivam — abrir “tantas secções de voto quantas as necessárias à mais ampla participação dos sócios”. É esta via, também proposta, e muito bem, pela MAG em alternativa ao voto eletrónico, que garante a participação massiva e, ao mesmo tempo, respeito pelos Estatutos.
A candidatura Benfica Acima de Tudo defende, e continuará a defender, a abertura de mesas de voto em todo o país, incluindo Regiões Autónomas, e no estrangeiro, nos locais onde, de acordo com os dados das últimas eleições, essa abertura permita a maior participação eleitoral possível.
Apesar dos desafios logísticos e custos associados, acreditamos que esta é a única forma de, respeitando os novos Estatutos, garantir uma participação tão expressiva quanto possível. As eleições são o momento maior da vida associativa e merecem um investimento sério do clube. A nossa prioridade é clara: que este seja, dentro da vontade expressa nos Estatutos, o ato eleitoral mais participado de sempre. Contem connosco para fazer tudo o que for possível para que assim seja."
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