Alexandre Pato, antigo craque brasileiro que passou pelo AC Milan, entrou em contacto com a família de Juliana Marins para mostrar a sua disponibilidade em pagar a transladação do corpo da turista brasileira que morreu depois de cair num vulcão Rinjani, em Lombok, na Indonésia, durante uma caminhada.
O caso está a chocar o Brasil e Alexandre Pato também terá ficado sensibilizado com o tema, oferecendo-se para financiar uma transladação que não pode ser suportada pelo Governo, uma vez que a legislação brasileira não prevê o pagamento de transladação nem a cobertura de despesas com funerais de brasileiros que morram fora do país.
"Alexandre Pato entrou em contato, sim, através do Instagram e conseguiu conversar com a família. Essa foi a resposta que ele pediu para passar para a imprensa. Como é algo pessoal, ele prefere não falar [publicamente sobre a questão]", informou ao jornal Extra a assessoria do SBT — emissora da família de Rebeca Abravanel, companheira do ex-internacional brasileiro.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a legislação brasileira "proíbe expressamente" que o serviço seja pago com recursos públicos, conforme cita o UOL.
A tutela afirma, ainda que, no caso de falecimento de um cidadão brasileiro no estrangeiro, as embaixadas e consulados brasileiros podem "prestar orientações aos familiares, apoiar seus contatos com o governo local e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito, tão logo terminem os trâmites obrigatórios realizados pelas autoridades locais".
Ainda segundo a imprensa brasileira, a transladação de Juliana Marins tem um custo estimado de entre 20 e 30 mil reais (ou seja, mais de três mil euros).
Especialistas criticam operação de regaste
O caso de Juliana Marins tem dado muito que falar no Brasil e o jornal G1 falou com alguns especialistas em montanhismo, que apontaram as possíveis causas para um trágico desfecho.
A falta de exigência de equipamentos, o abandono na caminhada, a falta de preparação de guias, o terreno instável e clima extremo, o resgate lento e desorganizado e o uso tardio e limitado de tecnologia, além de outros obstáculos diplomáticos e logísticos, são algumas delas.
Para além disso, os especialistas também apontam para a lentidão e desorganização na operação de regaste, apesar de um drone ter localizado Juliana no dia em que caiu.
"O tempo pode fazer a diferença entre a vida e a morte. Se a equipa não tem condições de fazer o resgate imediato, é necessário acionar as autoridades locais, bombeiros, embaixada, seguro de viagem…", frisou Aretha Duarte, que, além de ser montanhista, fez a mesma caminhada há 10 anos.
Quem era Juliana Marins?
Segundo a imprensa brasileira, Juliana Marins tinha 26 anos e era formada em Publicidade pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Há alguns meses decidiu embarcar numa aventura sozinha pela Ásia, passando pelas Filipinas, Vietname, Tailândia e Indonésia - onde chegou no final de fevereiro.
A jovem foi vista pela última vez pelas 17h10 locais de sábado (10h00 em Lisboa) por um drone de outros turistas. Nas imagens aparecia sentada após a queda, mas quando as equipas chegaram ao local já não a encontraram. Apurou-se posteriormente que sofreu uma segunda queda, deixando-a a mais de um quilómetro do local da primeira queda.
Na terça-feira, a família anunciou que as equipas de resgate conseguiram chegar ao local onde Juliana Marins estava, mas "ela não resistiu".
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