Noventa minutos separam Rui Borges de entrar para a história do Sporting Clube de Portugal. O treinador mirandelense, de 43 anos, irá tentar conduzir os leões, este sábado, ao bicampeonato nacional, mais de 70 anos depois.
A turma leonina para a 34.ª e última jornada da I Liga na liderança da competição em igualdade pontual (76) com o Benfica. No entanto, a vantagem no confronto direto é o principal critério de desempate entre as duas equipas, que estão fortemente pressionadas para o dia de todas as decisões, e está do lado do conjunto de Alvalade.
Após o empate (1-1) alcançado ante o Benfica, no Estádio da Luz, na ronda anterior, o Sporting depende apenas de si - alcançar um resultado igual ou melhor do que as águias - para poder fazer a festa em Alvalade, na receção ao Vitória SC, com quem Rui Borges iniciou a presente temporada antes da mudança para a Alcochete.
Rui Borges iniciou a carreira de treinador no clube da terra, o Mirandela, no qual também atuou como jogador. Na época 2015/16, o antigo extremo partilhou balneário com Pedro Machado, que recorda, em conversa exclusiva com o Desporto ao Minuto, algumas curiosidades do agora técnico do Sporting.
"Dentro de campo, o Rui era extremo esquerdo, que também podia jogar como número 10, sempre com bom toque de bola e muito competitivo. Fora de campo, ele destacava-se. Sempre foi alguém de grupo, com boa disposição no balneário, de sorriso fácil. Como era mais experiente do que os restantes, ele tinha sempre uma palavra para com os mais jovens", refere o defesa-central dos canadianos do Pacific FC, exibindo o seu orgulho pela trajetória do antigo companheiro de equipa.
"Na altura não sabia das intenções dele, apenas que queria continuar no futebol. Estávamos em fases apostas da carreira, mas ele não deixava de estar atento aos pormenores, desde da nutrição ao treino. Lembro-me que ele questionava muito o que fazíamos, sempre demonstrou interesse. Fico contente por ele estar a viver um momento como este, o seu sucesso vem de um árduo trabalho", destaca.
Ao longo da carreira, Pedro Machado, de 28 anos, chegou a defrontar algumas equipas orientadas por Rui Borges, a quem tece os mais rasgados elogios.
"Taticamente, as equipas eram muito fortes, com um bloco coeso na hora de defender, era complicado descobrir espaços para atacar. Como adversário, era notório a energia com que as equipas apresentavam-se em campo e os jogadores de ataque tinham liberdade na tomada de decisão. O Rui sempre adorou jogadores de qualidade e com criatividade nas suas ações. Estas características que acabei de referir foram visíveis no jogo com o Benfica. A equipa foi solidária a defender e o golo do Trincão é fruto da liberdade de movimentos entre o Pote, o Gyokeres e o Trincão. Sabemos que estes dérbis são, por vezes, marcados pela componente emocional, mas as equipas de Rui Borges são difíceis de bater e, sobretudo, de sofrerem mais de dois golos. Os jogadores cumpriram com o plano de jogo e resultado final não foi surpresa", referiu o jogador português.
A semana tem sido marcada por alguma altercação entre Rui Borges e o Vitória SC, com este último a dar conta, em nota oficial, que os jogadores do emblema minhoto irão representar o clube da melhor forma, respondendo, assim, às palavras do ex-técnico, que 'acusou' alguns jogadores vimaranenses de levarem amarelo com o Rio Ave, na 32.ª jornada, para estarem agora presentes em Alvalade.
"O Rui não foi malicioso nas palavras, as pessoas têm de relativizar mais. Há enorme pressão neste momento, é um título nacional em jogo. Penso que não foi desrespeitoso", assegura Pedro Machado, que tem um desejo para sábado, a partir das 18 horas.
"Não sou de nenhum clube em particular, mas mantenho uma amizade com o Rui e com o Ricardo [treinador-adjunto]. Merecem ser campeões e espero que desfrutem", finaliza.
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