Hoje, 20 de setembro, celebramos o Dia Internacional do Desporto Universitário (DIDU), data promulgada pela UNESCO em 2015, que tem por objetivo realçar a importância do desporto nas universidades, bem como o papel social das universidades na consolidação da educação desportiva ao serviço da sociedade.
Este ano, comemoramos a data com uma enorme satisfação, pois o desporto universitário português bateu recordes e conquistou títulos. Desde logo, pelas excelentes prestações e títulos conquistados a nível internacional, como as recentes sete medalhas nos Jogos Mundiais Universitários em Chengdu, e também porque o ano letivo 2023/24 estabeleceu um novo recorde no número de estudantes-atletas e clubes inscritos no desporto universitário. Pela primeira vez, no ano letivo transato, tivemos mais de 10 mil agentes desportivos filiados, dos quais cerca de 9100 estudantes-atletas, e 116 clubes.
Ficamos orgulhosos com estes números, mas sabemos que ainda estão longe da nossa ambição e missão. Servem, portanto, de motivação extra para continuar a promover a prática desportiva no contexto académico e continuar a lutar por melhores condições para os estudantes-atletas.
Em Portugal, a Federação Académica do Desporto Universitário (FADU) é a entidade responsável pela promoção dos valores do desporto nas universidades. E fazem-no através da organização de competições desportivas universitárias e gestão da presença dos estudantes-atletas portugueses nos campeonatos europeus e mundiais, e também na dinamização de campanhas e ações junto da comunidade estudantil.
Entre as ações promovidas, temos dois objetivos fundamentais: aumentar o número de estudantes-atletas femininas e combater o abandono desportivo no ensino superior. Apesar de registarmos um novo máximo de atletas femininas, esse valor não chega sequer a 50% da participação masculina (48,8%). Queremos atrair mais mulheres para o desporto universitário, para seguir as pegadas de Jéssica Augusto, Sara Moreira e Patrícia Mamona, ou, mais recentemente, da seleção de futsal universitário campeã mundial ou as medalhadas em Chengdu Camila Rebelo, que já carimbou a ida a Paris 2024, Mariana Machado e Eliana Bandeira. Por outro lado, combater a perda de estudantes-atletas, que verificamos acontecer na transição do ensino secundário para o ensino superior, muitas vezes, por se verem obrigados a escolher entre continuar a carreira desportiva ou apostar no seu percurso académico. Nós defendemos que o desporto pode contribuir para melhorar
o desempenho escolar e os valores no desporto, como o compromisso, a superação, o espírito de equipa e mentalidade vencedora, são importantes para formar melhores estudantes e cidadãos.
Quando estamos a menos de um ano dos Jogos Olímpicos Paris 2024, nos quais vamos ter alguns estudantes-atletas e vários atletas que já passaram pelo desporto universitário em Portugal, como o João Coelho, que garantiu os mínimos olímpicos nos Jogos Mundiais Universitários. É relevante reafirmar a importância desta etapa e continuar a trabalhar para criar melhores condições para que os jovens não sejam obrigados a escolher entre os estudos ou o desporto.
São necessárias mais medidas como o estatuto de estudante-atleta, que foi uma enorme conquista, e o recente anúncio do alargamento das unidades de alto rendimento ao ensino superior, que poderá ser uma boa alavanca para o sucesso desta nova geração de atletas. Mas ainda falta um longo caminho para que os dois calendários possam coexistir e formar mais campeões portugueses.
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