"Já tenho 35 anos e estava um pouco cansado da rotina do treino. No futebol há muitos mais treinos do que competição, mas se fosse ao contrário se calhar ainda continuava a jogar", confessou em entrevista à Lusa.
Mas para o fim de ciclo pesou também o facto de considerar que já não iria voltar a outros patamares.
"Talvez também por ser um contexto de II Liga e pelo facto de saber que, por mais que fizesse, já não iria regressar à I Liga", contou o jogador que alinhou pelo Vilafranquense na última época.
Sílvio Pereira cumpriu toda a formação no Benfica, clube que deixou após concluir a etapa formativa, antes de ter tido uma fugaz passagem, à experiência, no Chelsea.
A verdade é que acabaria por não ficar no emblema inglês e teve de dar um passo atrás na carreira, assinando pelo Atlético do Cacém, que militava na terceira divisão nacional.
A estadia foi curta, já que na temporada seguinte assinou pelo Odivelas, antes de rumar ao Rio Ave, pelo qual viria a estrear-se na I Liga portuguesa, na época 2008/09, passando posteriormente por Sporting de Braga, Atlético de Madrid, Deportivo da Corunha, Benfica, Wolverhampton, Vitória de Setúbal, Vitória de Guimarães e Vilafranquense.
Os títulos nacionais foram vários -- três campeonatos portugueses e três Taças da Liga (2013/14, 2014/15 e 2015/16), uma Taça de Portugal (2013/14), uma Taça de Espanha (2012/13) --, a que somou uma Liga Europa (2011/12) e uma Supertaça Europeia (2012), as duas últimas ao serviço do Atlético de Madrid.
Além disso, destaca também, o facto de ter sido internacional português por 11 ocasiões (oito das quais na seleção AA) foi um dos maiores sonhos que alcançou, pese embora, lamenta, nunca ter chegado a participar numa grande competição como um Campeonato da Europa ou um Campeonato do Mundo.
"A passagem à final da Liga Europa pelo Sporting de Braga, em 2010/11, curiosamente contra o Benfica. Ninguém estava à espera que fossemos à final e essa passagem foi emocionante", atirou.
Mas houve mais dois momentos marcantes: a final da Liga Europa ganha com as cores dos espanhóis do Atlético de Madrid (2011/12) e o primeiro título português conquistado com o Benfica (2013/14), que considera o "clube do coração".
"Foi muito especial. A minha família é toda benfiquista, o meu pai, que já não se encontra entre nós, era um benfiquista ferrenho e foi para ele esse título", sublinhou.
Sílvio admite que, "depois de uma carreira de I Liga, e até internacional, jogar numa II Liga não é fácil", embora garanta que encarou bem essa mudança.
"Falei com a minha família, e o mais importante é, enquanto tivermos paixão pelo desporto, continuarmos. Não ter vergonha de nada, seja na II ou na I Liga. Nunca ninguém me deu nada na vida nem na minha carreira, também não iria ser agora que ia esperar alguma coisa", assumiu.
Feita uma retrospetiva a um trajeto de que muito se orgulha -- e que espera que desperte o mesmo sentimento aos três filhos ainda pequenos --, e confrontado com o que almeja fazer futuro, Sílvio foi perentório.
"Terminei o curso de direção desportiva, é uma área que me interessa bastante. Isso ou o agenciamento de jogadores. Dentro do futebol vejo-me nessas duas coisas. Não tenho pressa nenhuma para fazer nada, mas se continuar ligado ao futebol será por aí", antecipou, deixando para segundo plano a hipótese de se tornar treinador de futebol.
Por agora, reitera, é tempo de desfrutar de momentos em família, "analisar os convites que surgirem, se surgirem", e de dizer "chega" a 15 anos de "correria" ao mais alto nível.
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