O jornal britânico The Guardian publica, esta quarta-feira, um extenso artigo no qual aponta a aquisição de Cristiano Ronaldo ao Real Madrid, no verão de 2018, como o momento que espoletou o escândalo que, já este ano, acabaria por 'rebentar' na Juventus.
A publicação recorda que ordenado do internacional português supunha um 'fardo' de 54,24 milhões de euros anuais para as contas bianconeri, valor que superava, em muito, o orçamento que alguns clubes tinham para toda uma temporada.
"Foi o momento em que as portas se abriram. Houve um efeito inflacionário nos ordenados", afirmou um dirigente que preferiu manter o anonimato. "Foi um erro enorme. Um exemplo de um sistema drogado por dinheiro para buscar resultados desportivos, que estão sempre sujeitos à sorte", acrescentou o ex-presidente, Cobolli Gigli.
Daí em diante, as finanças da Vecchia Signora entraram numa espiral negativa, o que culminaria na condenação por suspeitas de irregularidades financeiras e a subtração de 15 pontos, na Serie A, que acabaria, entretanto, por ser anulada, pela própria Federação Italian de Futebol (FIGC).
A mesma publicação sublinha que, pese embora este desfecho tenha apanhado muitos de surpresa, foi, desde logo, previsto por Beppe Marotta, que, à altura da contratação do avançado formado no Sporting, alertou o então presidente, Andrea Agnelli, para os riscos que acarretaria.
"Marotta, o homem responsável pela política de transferências do clube, discordou ferozmente. Estava ciente de que os ordenados ficariam fora de controlo e temia que a personalidade dominante do Ronaldo afetaria a dinâmica do balneário. Agnelli levou a sua avante. Em julho de 2018, Ronaldo chegou à Juventus, e, poucos meses depois, Marotta saiu", pode ler-se.
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