Belenenses combate "descrença" dos jovens com "coragem e resiliência"

A "descrença e desilusão crescente" dos jovens atletas tem afetado a vivacidade do desporto de formação, parado devido à pandemia de covid-19, mas o centenário Belenenses tenta "aguentar o máximo possível" esta fase, com "coragem e resiliência".

Notícia

© Os Belenenses

Lusa
10/02/2021 09:11 ‧ 10/02/2021 por Lusa

Desporto

Covid-19

um cenário de grande dificuldade, mas temos de manter o foco. O que se pede aos dirigentes do Belenenses é coragem, resiliência e aguentar o máximo possível", apontou à Lusa o presidente dos lisboetas, Patrick Morais de Carvalho, que lembrou a necessidade do "esforço de todos para que o clube possa sobreviver".

Numa época fortemente marcada pela ausência de "receitas desportivas, de bilhetes de época e de jogo, de receitas de audiovisual, marketing, patrocínios ou 'merchandising' e de vendas de atletas", a esperança numa recuperação passa por apoios do Estado, que "demoram muito tempo a chegar", sob pena de "90% dos clubes em Portugal" não aguentarem.

"Para nós termos esperança, é preciso neste momento que o Estado não falhe aos clubes e associações desportivas. Se falha, ninguém vai resistir. Se não receberem os apoios, vão passar a incumprir e vão ter de fechar portas", alertou, garantindo: "Assim que seja possível, o Belenenses terá de estar na linha da frente, para rapidamente recuperarmos".

Com 101 anos de vida, o clube da Cruz de Cristo é reconhecido pelo seu ecletismo, que abrange nove modalidades, e pela aposta na formação de jovens desportistas, embora a pandemia tenha causado o abandono de muitas crianças e adolescentes, privados do contacto físico com os colegas.

"É a descrença dos miúdos e a desmotivação das equipas técnicas, pois estão há muito tempo sem competição. Estamos a fazer treinos individuais em casa, de preparação física e pouco mais. Durante uma semana, as crianças acham piada, mas, ao fim de um mês, desistem", contou à Lusa o vice-presidente Pedro Lourenço, responsável pelas modalidades de pavilhão.

Embora o andebol e o futsal tenham sofrido uma redução de cerca de 15% no número de jovens praticantes, o basquetebol e o voleibol compensaram esses abandonos com um aumento de atletas, pois "são duas modalidades que, a nível de treinos, não exigem tanto contacto físico e é mais fácil fazer treino individualizado".

"Quanto maior for a necessidade do coletivismo e do contacto físico, maior é a desmotivação", sublinhou Pedro Lourenço, acrescentando: "Normalmente, muitos terminam o percurso desportivo quando chegam a seniores. O que estamos a assistir é ao término desse percurso não aos 18 ou 19 anos, mas sim com dois anos de antecedência".

No futebol de formação, a taxa de abandono situa-se igualmente entre os 15 e os 20%, mas João Raimundo, responsável pelos escalões etários da modalidade entre os seis e os 19 anos, acredita que seja apenas "um interregno da atividade desportiva" e que os jovens regressem após o período pandémico, apesar de entender os motivos que levaram às desistências.

"Um desporto coletivo pressupõe um conjunto de outras capacidades (técnicas, táticas e psicológicas) que ficam fora deste meio de intervenção, um conjunto de valências que não conseguimos integrar nestas novas tecnologias. Têm de interagir uns com os outros e não o conseguem fazer de forma isolada", explicou à Lusa.

A suspensão competitiva nos juniores, último patamar de transição para o futebol sénior, é vista com "profunda injustiça", pois "não vão ter as oportunidades naquilo que sonhavam e se sacrificaram".

"Alguns clubes do Campeonato de Portugal, a treinarem e a competirem, querem atletas nossos. Nós, sem competir, temos de os largar, no meio do processo formativo, sem saber se serviriam para o nosso projeto", exemplificou, corroborado pelo presidente, que sugeriu a adoção do modelo brasileiro de estender o escalão para sub-20, em vez dos atuais sub-19.

Por sua vez, as modalidades ao ar livre do Belenenses (atletismo e triatlo) não sofreram tantos condicionalismos e houve até "um acréscimo considerável de atletas", mas o presente confinamento, que encerrou piscinas e pistas de atletismo e impossibilitou os treinos em grupo, desestabilizou o crescimento e a expectativa criada, o que obrigou a uma reinvenção.

"Assisti a coisas extraordinárias, como corridas e estafetas virtuais. A primeira fase de confinamento obrigou a uma reinvenção no processo de treino, mesmo nos próprios treinadores, que não estavam preparados", assumiu Óscar Machado Rodrigues, vice-presidente e responsável pelas modalidades 'outdoor' do clube do Restelo.

Quanto ao futuro, os dirigentes do Belenenses não têm dúvidas de que as equipas e seleções nacionais "vão ter perda de qualidade", devido a "uma geração de atletas que se vai perder" para "outros vícios" contrários aos objetivos do desporto, como "o sedentarismo, os videojogos e o antissocial".

 

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Rede social

Após falhar jogo por lesão, Trippier envolto em polémica com bar de strip

Premier League

Após falhar jogo por lesão, Trippier envolto em polémica com bar de strip

Liga portuguesa

ClubeJPts
1Sporting3482
2Benfica3480
3FC Porto3471
4Sp. Braga3466
5Santa Clara3457
6Vitória SC3454
7Famalicão3447
8Estoril3446
9Casa Pia3445
10Moreirense3440
11Rio Ave3438
12Arouca3438
13Gil Vicente3434
14C.D. Nacional3434
15Estrela3429
16AVS3427
17Farense3427
18Boavista3424
Liga dos CampeõesLiga EuropaDesporomoção

Sobre rodas

E depois da queda? O programa de Miguel Oliveira no GP do Reino Unido

MotoGP

E depois da queda? O programa de Miguel Oliveira no GP do Reino Unido

Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas