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Vida e obra de Llansol apresentadas nos dez anos da sua morte

Os dez anos da morte da escritora Maria Gabriela Llansol serão assinalados dia 10, com uma sessão em Campo de Ourique, em Lisboa, que dará a conhecer a vida da autora, a partir de inéditos e documentos do seu espólio.

Vida e obra de Llansol apresentadas nos dez anos da sua morte
Notícias ao Minuto

18:21 - 02/03/18 por Lusa

Cultura Escritores

Maria Gabriela Lansoll morreu no dia 03 de março de 2008, mas a cerimónia de evocação desta data será feita no próximo dia 10, no Espaço Cultural Cinema Europa, em Campo de Ourique, por ser o bairro onde nasceu e viveu mais de 30 anos, antes do exílio na Bélgica (entre 1965 e 1985), disse à Lusa o ensaísta João Barrento, responsável pelo espólio da escritora.

A "escrevente", palavra que Maria Gabriela Llansol preferia para se classificar, em vez de "autora", não pensava a morte como um fim e sobre isso deixou escritos, razão por que João Barrento também prefere referir-se aos dez anos da sua "passagem".

"Não imaginava a morte como o fim da vida e de si mesma, mas a continuação, sob a forma desconhecida de metamorfoses, de outros ocultos fenómenos vistos sob a perspectiva da viagem infinita", escreveu Maria Gabriela Llansol num dos seus primeiros cadernos de escrita.

Assim, tanto esta "viagem", como a sua presença viva, serão evocadas, "pela palavra e pela imagem", a partir de inéditos e documentos do espólio, que serão lidos a apresentados e que testemunham a vida e já a escrita de Llansol, no bairro de Campo de Ourique, onde cresceu e onde, recentemente, foi inaugurada uma nova "casa" com o seu espólio, disse João Barrento.

Nesse espaço, são regularmente desenvolvidas atividades públicas, sempre em ligação com a sua obra, que é infinita, porque contém "infinitas possibilidades combinatórias", e que por si só justificam que a celebração da obra e vida de Llansol não se esgote numa cerimónia a assinalar uma efeméride.

Esta nova casa, que passou a acolher o Espaço Llansol (associação que se dedica ao estudo da obra literária de Maria Gabriela Llansol), chama-se "A Casa de Julho e Agosto", fica na rua Saraiva de Carvalho, e abriu oficialmente no dia 24 de novembro, data de aniversário da escritora, que nasceu em 1931.

O nome foi herdado do título de um dos livros de Llansol, explicou, e dos meses em que decorreu a mudança do espólio, de Sintra para Lisboa.

"A casa é lugar de trabalho e espaço visitável, e acolhe todo o espólio literário, documental e material deixado por Maria Gabriela Llansol. Desenvolvemos nela regularmente atividades públicas, sempre em ligação com esta obra e sempre aos sábados à tarde", disse João Barrento, também fundador do Espaço Llansol.

No entanto, o especialista na obra da escritora sublinha que este espaço "não é uma casa-museu", apesar de ser visitável, mas um sítio que se pretende como uma casa onde se poderia viver, "acolhendo tudo o que ficou na última residência da escritora".

"Reconstitui exatamente o ambiente de vida e de trabalho de Llansol em divisões como o seu escritório, a cozinha ou espaços onde expomos objetos e obras de arte relevantes na sua escrita e na sua vida".

Paralelamente, todo o enorme espólio literário, documentos, biblioteca, obras de arte, e outras peças deixados pela autora foram organizados e arquivados na casa, de forma funcional, de modo a poderem ser vistos e consultados, seguindo um princípio "claramente definido num dos cadernos manuscritos" de Llansol.

Esse princípio -- considera João Barrento -- "ajusta-se perfeitamente" a este novo espaço, se for entendido como um "lugar" no sentido que Llansol dava ao termo: espaço animado por uma vibração e um pensamento próprios.

Escreveu ela: "A casa grande, enorme, que conteria os objetos, cenas da minha vida, os encontrados e as transformações, sendo uma casa real, seria estática -- um Museu. Sendo um pensamento, encontraremos um lugar para viver. A única condição é o pensamento poder audaciar-se, exprimir-se em obra que fique em toda a parte".

"É o que temos tentado fazer nesta 'casa grande', casa de pensamento e de criação de atmosferas onde está literalmente tudo o que constituía o recheio da casa de Sintra: não existe mais espólio do que aquele que nos foi legado e está agora ordenado, classificado, digitalizado e disponível no Espaço Llansol".

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