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'Senhora da República' defende que Fátima foi "golpe político da igreja"

A relação entre as aparições de Fátima, a I República e a maçonaria são o foco do livro 'Senhora da República', de Licínio Lima, para quem o fenómeno "foi um golpe político da igreja com o apoio do Vaticano".

'Senhora da República' defende que Fátima foi "golpe político da igreja"
Notícias ao Minuto

20:28 - 22/11/17 por Lusa

Cultura Livros

comum ouvir que Fátima foi uma golpada da Igreja para obter poder e riqueza. Eu entendo, porém, que o fenómeno das aparições em 1917 foi, sim, um golpe político da Igreja contra a I República com o apoio do Vaticano", escreve o jornalista no livro, que será lançado esta quarta-feira em Lisboa.

'Senhora da República' fala da derrota da I República na Guerra contra os católicos entre 1910 e 1926, com o fenómeno de Fátima a ganhar força apesar do esforço da maçonaria em desmontar e anular o impacto da noticia de que três crianças tinham visto a 'Nossa Senhora' em cima de uma azinheira num lugar inóspito chamado Cova de Iria, na freguesia de Fátima, concelho de Ourém.

"Contaram-se 45 governos sucumbidos depois que, em 1911, um ano após a proclamação da República, o primeiro Governo provisório impôs aos portugueses a lei da separação das igrejas do Estado. Esse diploma alterava completamente a fisionomia do catolicismo português. Com um objetivo: afastar a igreja católica de todo e qualquer tipo de influência social", escreve o autor na introdução.

Duas décadas foi o prazo prometido por Afonso Costa, então ministro da Justiça para acabar com a religião em Portugal e a entrada em vigor desta lei veio alterar todo o panorama eclesial.

A igreja foi destituída de personalidade jurídica passando os seus bens para as mãos de associações culturais que proibiam a presença do clero no seu seio, enquanto os atos religiosos eram remetidos para o interior dos templos, com funerais e procissões proibidos na via pública.

Neste período foi também extinta a faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra, abolidos os dias santificados, tornados obrigatórios os casamentos civis e expulsas as ordens religiosas que detinham o ensino.

É neste contexto e num país à beira da falência em 1917 que surge Fátima, e, escreve o autor, os acérrimos defensores da República eram, em geral, livres-pensadores, membros de lojas maçónicas para quem a Igreja Católica era a responsável pelos atrasos cultural e económico da nação.

Fátima, adianta o autor, "é mais o desejo desesperado de um povo fiel à sua identidade do que uma proposta clerical. Fátima é o fado de Portugal. É uma revolta contra a banalização da política. Fátima é um murro no estômago dos políticos".

Licínio Lima é formado em Teologia pela Universidade Católica, começou a carreira no jornalismo em 1993, tendo-se dedicado em 2001 ao jornalismo judiciário. Foi ainda colaborador na Direção Geral da Reinserção e Serviços Prisionais no Plano Nacional de Reabilitação e Reinserção exercendo o cargo de subdiretor-geral.

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