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De filmes ou jogos, bandas sonoras não têm segredos para esta orquestra

Criada em 2007, a Lisbon Film Orschestra viu no mercado do espetáculo e do entretenimento uma lacuna na qual viria a ser uma referência em Portugal.

De filmes ou jogos, bandas sonoras não têm segredos para esta orquestra
Notícias ao Minuto

13:00 - 16/12/16 por Miguel Patinha Dias

Cultura Nostalgia

Se cresceu durante os anos 90 certamente terá visto filmes de animação da Disney que recorda com nostalgia. É também bastante provável que desde então tenha tido oportunidade de rever algum desses filmes, uma ocasião em que uma das primeiras coisas em que salta à memória é a música.

Mesmo que se tenha esquecido de determinados elementos da história, a música fica sempre consigo, num pequeno ‘baú’ das suas memórias para ser aberto quando menos espera.

É neste sentimento de nostalgia que a Lisbon Film Orchestra (LFO) viu em 2007 a sua porta de entrada para o sucesso. Desde então, a LFO deu forma a bandas sonoras de filmes (Hollywood In Concert), filmes de animação (Disney in Concert) e até de jogos (Videogames Live), entre muitos outros projetos.

O Notícias ao Minuto esteve à conversa com os dois criadores da LFO, Francisco Santiago (produtor executivo) e Nuno de Sá (maestro e diretor artístico), e procurou perceber o que esteve na origem do projeto assim como os futuros projetos do coletivo.

Há quanto tempo é que a Lisbon Film Orchestra existe?

Francisco Santiago (FS): A LFO existe desde 2007 e normalmente temos feito o espectáculo todos os natais. Há outros eventos que vão aparecendo como é o caso deste ano, que nos vão felicitando com performances – caso do Hollywood in Concert ou do Videogames Live. Os concertos de Natal são promovidos por nós mas depois a orquestra está disponível para fazer eventos corporate para outras promotoras, como o caso do Videogames Live.

Mas acaba por ser sazonal? É uma formação fixa?

FS: É uma formação fixa mas tem sido hábito tocarmos mais na época natalícia. Mas já temos feito outros concertos fora deste período.

Nuno de Sá (NS): A LFO começou por fazer os concertos de Natal no São Jorge, Aula Magna, Tivoli, Campo Pequeno, e fomos crescendo em termos de dimensão do espectáculo final. Fizemos o Disney in Concert no ano passado, repetimos este ano. Vamos fazer muitas mais coisas, já fizemos bandas sonoras de anúncios de televisão, o anúncio da Galp mundial, o flashmob da Optimus em 2011. Portanto a orquestra tem sido também muito versátil nas atividades que tem feito, mas tudo direcionado para o conceito de banda sonora, quer de anúncios, quer de filmes ou telenovelas.

O conceito é especial para vocês?

NS: É porque foi esse o conceito que quisemos trazer. Lisbon Filme Orchestra, uma orquestra que tocava músicas de filmes. Realmente quisemos marcar essa diferença no mercado de cultura e entretenimento. É isso que temos feito, as bandas sonoras, e não é competir com orquestras de música erudita. Cingimo-nos a isto e acho que temos feito um bom trabalho.

Como é passar de bandas sonoras de filmes para jogos, por exemplo?

NS: A qualidade é muito semelhante. Ou seja, as músicas de jogos hoje em dia são muito complexas, muito poderosas, tal como acontece com filmes. Aquilo que os produtores investem nas bandas sonoras, quer de filmes quer de jogos, é quase a mesma coisa. São sempre orquestras muito grandes com sonoridades incríveis portanto sentimo-nos como peixe na água.

Têm também este dezembro o Disney in Concert. Estão com boas expetativas?

NS: Sim, sim, está a correr muito bem. Estivemos 5 e 6 no Porto, no Coliseu, no dia 7 e 8 no Campo Pequeno, em Lisboa, dia 10 na Arena, Portimão, e dia 18 estaremos no Multiusos de Guimarães. Em Lisboa e Porto esteve praticamente esgotado.

FS: Vamos este ano pela primeira vez para Guimarães e Portimão, para fora de Lisboa e Porto. Temos boas expetativas, começámos em 2007 até 2014 sempre a tocar em Lisboa e estamos agora a dar este salto.

Este final de 2016 deixa antever um início de 2017 igualmente 'risonho'?

FS: Em 2017 fazemos dez anos de orquestra. Já temos um musical anunciado, ‘Sonho de uma noite de verão’ para o Tivoli, de 9 a 19 de fevereiro.

NS: É um musical original, com composições minhas, produção nossa, com atores como José Raposa, Teresa Macedo… Temos um cartaz na nossa opinião de luxo, com nomes muito bons. Além de toda a componente artística de concertos também temos uma parte de formação, uma academia em que fazemos campos de férias artísticos e damos formação em teatro, música e dança. Neste mesmo musical vamos ter oito jovens que já vêm dessa academia. O musical é um projeto novo mas que vem já ligar a muita coisa. Irmos por terrenos novos de fazer uma produção original, com composições novas, com texto adaptado do ‘Sonho de uma noite de verão’ para o público comum com uma versão moderna da obra. Depois termos estes nomes todos tão consagrados e juntarmos os nossos alunos da academia é realmente um sonho. 

Sempre foi esse o plano nos últimos dez anos? Passar para produções originais?

NS: Não, surgiu essa oportunidade.

FS: Esta adaptação do Shakespeare surgiu numa dessas formações de verão na nossa academia. Fizemos tudo em termos educativos e depois, como as pessoas gostaram imenso e tivemos críticas muito, muito positivas, surgiu essa ideia, de passarmos para outro nível com este musical, a nível de coreografia, música e de encenação.

Pode abrir caminho para mais produções originais...

FS: Pode, quem sabe. Sempre demos passos pequeninos, dependendo da forma como as coisas correram.

NS: A LFO e nós os dois, que somos os dois responsáveis pela orquestra, somos um projeto sem qualquer tipo de apoio financeiro. Nunca fizemos nada com qualquer apoio financeiro, tudo com muito risco e sacrifício quer nossos quer das partes dos músicos, que no início foi muito complicado por falta de condições financeiras para pagar cachets dignos do trabalho deles, que sempre se esforçaram pela orquestra. Queremos dar esse passo, mas estamos a tentar dar um passo também com consciência do risco, porque fazer um musical não é um concerto. Se estamos a fazer dez sessões vamos estar duas semanas em cena no Tivoli e é um risco, e esse risco está controlado, mas é um risco. Dizer que vamos já abrir mais não sei quantas produções originais… vamos com calma [risos]. Desde 2007 até agora passámos a crise, passámos por crises de confiança porque o público não vinha mas conseguimos manter-nos sólidos e crescer. Acho que isso deve-se muito a essa capacidade que temos de dar os passos não muito maiores do que as pernas, mas sempre sonhando.

Começarem a fazer produções originais é também uma recompensa para os músicos que vos acompanham?

FS: Temos elementos que começaram desde 2007. Por exemplo, os mesmos clarinetistas que começaram há dez anos estão agora no Hollywood in Concert, no Videogames Live e agora no Disney in Concert. Para eles é motivador e muito interessante.

NS: Confiaram e acreditaram que o projeto poderia funcionar. Sentimo-nos felizes com isso e julgo que para os que conseguiram continuar connosco nos maus momentos é positivo. É bom sinal.

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