Faianças queimadas no terramoto de 1755 reveladas no Museu de Lisboa

Mais de 2.000 fragmentos de faiança dos séculos XVII e XVIII, recolhidos em escavações no próprio edifício do Museu de Lisboa - Teatro Romano após o grande terramoto, vão ser revelados ao público numa exposição inédita a inaugurar em 15 de maio.

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Lusa
06/05/2025 15:11 ‧ há 4 horas por Lusa

Cultura

Museu de Lisboa

Sob o título 'O Barro Azul de Lisboa', a mostra apresenta pela primeira vez esta coleção rara, diretamente ligada ao terramoto de 1755, e testemunha o quotidiano lisboeta antes da catástrofe, segundo informação do museu.

 

Descobertos a cerca de nove metros de profundidade, numa antiga habitação seiscentista que foi engolida pela destruição, os fragmentos de loiça formam uma espécie de cápsula do tempo, tendo algumas peças sido analisadas em parceria com o Instituto Superior Técnico, permitindo conhecer melhor a intensidade térmica dos incêndios que se seguiram ao terramoto.

As formas e decorações dos fragmentos --- e, sobretudo, o efeito do calor dos incêndios, que escureceu o tradicional vidrado azul e branco --- mostram a violência do cataclismo e o impacto que teve nas pessoas, na cidade e até na mentalidade europeia, segundo os especialistas.

As peças foram recolhidas entre 2001 e 2011 durante campanhas arqueológicas realizadas no interior do museu, num espaço que outrora foi uma habitação onde se encontra hoje o museu.

Estes fragmentos são uma prova material dos efeitos do dia 01 de novembro de 1755, "permitindo reconstituir o quotidiano das pessoas que ali viviam e cujas rotinas foram abruptamente interrompidas pela catástrofe", assinala o texto.

Lídia Fernandes, coordenadora do Museu de Lisboa -- Teatro Romano, citada no texto, sublinha a originalidade da mostra: "As nossas exposições costumam focar-se em aspetos artísticos e arquitetónicos diretamente ligados ao período romano. Este tema sai desse âmbito, concentrando-se nesta importante coleção do nosso espólio, que testemunha a ocupação do local onde o museu está implantado durante o século XVIII".

Já o arqueólogo Artur Rocha, consultor científico da mostra, aponta o valor excecional do conjunto: "Este tipo de faianças era produzido artesanalmente, mas em série. Há centenas ou milhares a aparecerem em escavações recentes".

"Mas um conjunto como este, encontrado num contexto fechado, com as peças queimadas, diretamente ligadas a um episódio tão marcante para a cidade como foi o terramoto de 1755, e recuperado diretamente no local onde foram destruídas, essa é a grande mais-valia desse conjunto pois nesse sentido são peças únicas", acrescenta o especialista.

A exposição "O Barro Azul de Lisboa", que propõe assim uma nova leitura sobre o passado da cidade através dos seus vestígios domésticos, vai ficar patente até 26 de outubro no Museu de Lisboa.

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