Manoel de Oliveira faz 104 anos e ainda tem muitos filmes na cabeça
O realizador Manoel de Oliveira, o único que acompanha a história do cinema português desde o tempo do filme mudo, completa 104 anos na terça-feira, ainda a recuperar de problemas de saúde, mas com muitos projectos na cabeça.
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Cultura Cinema
Fonte da família disse à agência Lusa que Manoel de Oliveira deverá celebrar o aniversário em casa, em família, porque ainda recupera de uma insuficiência cardíaca, que o manteve uma semana internado no hospital, em Julho.
"Mas tem sempre muitos projectos. Neste momento tem para dois filmes: Um chama-se 'O velho do Restelo' e o outro 'A igreja do diabo', a partir dos contos de Machado de Assis", disse a mesma fonte.
O produtor Luís Urbano explicou à Lusa que aqueles dois projectos estão em fase de captação de financiamento. Ambos têm argumento de Manoel de Oliveira, sendo que "O velho do Restelo" inspira-se em textos de Camões, Teixeira de Pascoaes e Cervantes.
Manoel de Oliveira diz sempre que é o cinema que o mantém vivo - além de um capricho da natureza que lhe tem dado longevidade - e que o faz ser um dos mais velhos realizadores do mundo em actividade.
A saúde pode ter-lhe pregado uma partida no verão, mas Manoel de Oliveira termina um ano que fica marcado pela estreia da longa-metragem ‘O gebo e a sombra"’(exibida em antestreia em Veneza e na Assembleia da República) e da curta-metragem ‘O conquistador conquistado’, rodada em maio em Guimarães a convite da Capital Europeia da Cultura 2012.
"O cinema é a motivação para Manoel de Oliveira viver e não ficar em casa de chinelos a ver televisão", disse à agência Lusa Júlia Buisel, assistente de realização, de cena e actriz, que trabalha com o realizador há mais de trinta anos.
Júlia Buisel escreveu um livro sobre os bastidores do cinema e do teatro, intitulado ‘Antes que me esqueça’, e nele fala sobre a rodagem de alguns dos filmes de Oliveira e sobre a experiência de trabalhar com o realizador.
"É das pessoas mais inteligentes e intuitivas que eu conheço, com um olhar vivo como o da Agustina [Bessa Luís] e que dá liberdade ao actor, apesar de ser muito rigoroso e preciso", descreveu.
A autora, que em 2002 publicou uma fotobiografia de Manoel de Oliveira, não compreende as diferenças de visibilidade da obra do cineasta em Portugal e no estrangeiro: "O cinema de Manoel de Oliveira obriga a estar e a pensar. Como é que se explica que os japoneses gostam tanto do cinema dele?", questionou.
O livro ‘Antes que me esqueça’ será apresentado na quarta-feira em Guimarães e é possível que Manoel de Oliveira esteja presente.
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