A obra ocupa os 66 metros de altura e 15 metros de largura da fachada lateral de um prédio, no 13.° bairro de Paris, e apresenta uma espiral de peixes em turbilhão, que rodam em torno de umas cordas ancoradas ao chão. Ao lado, está outra torre gigante decorada pelo artista francês Stew.

"Para mim não são apenas peixes. Fiz este desenho porque quando olho para estes prédios vejo qualquer coisa de pouco humano, não é natural ver tanta gente dentro destas caixas. Para mim, o desenho representa o movimento das populações", declarou o artista aos habitantes do bairro, na cerimónia de apresentação da obra.

A cerimónia contou com a presença do autarca deste bairro parisiense, Jérôme Coumet, do vereador luso-francês Hermano Sanches Ruivo, e do galerista que promoveu um circuito de "street art" nesta zona, Mehdi Ben Cheikh.

A obra foi realizada em apenas um mês, durante o qual o artista contou com a ajuda de um andaime suspenso motorizado, sustentado por uma estrutura metálica, que lhe permitia subir e descer a fachada.

"A chuva não ajudou durante uns dias, quis improvisar e desobedeci ao desenho. Mas improvisar numa coisa deste tamanho foi o mais difícil. De resto, não houve grandes dificuldades. Por mim, venha outro desafio maior!", disse o artista à Lusa.

O desafio já está agendado e Pantónio vai integrar "um grupo de 150 artistas de 30 nacionalidades diferentes, incluindo de Portugal, para pintar uma aldeia inteira em Djerba na Tunísia, sendo que o projeto começa dentro de uma semana", contou à Lusa o promotor da iniciativa e diretor da galeria Itinerrance, Mehdi Ben Cheikh.

A galeria representa Pantónio depois de este ter colaborado no projeto "TOUR PARIS 13", em Paris, há cerca de um ano, quando um prédio devoluto destinado à demolição foi transformado em museu efémero da "street art".

"A ideia da Câmara de Paris é ver com outras cidades europeias, como Lisboa, como podemos trabalhar em torno de um festival de Street Art e para o Euro 2016 vamos convidar uma série de artistas europeus para usarem espaços até aqui proibidos como os museus", disse à Lusa Hermano Sanches Ruivo.

Por enquanto, o mural de Paris passa a integrar o percurso de "street art" do 13.° bairro, que conta já com 20 obras monumentais, em fachadas de prédios, assinadas por vários artistas como o norte-americano Obey, o brasileiro Ethos, o francês C215, o tunisino el-Seed e o português Vhils (nome artístico de Alexandre Farto).

O processo de criação do mural foi acompanhado ao longo do mês pelo realizador Jérôme Thomas e vai fazer parte de um documentário e de um livro intitulados «Sky is the Limit, les peintres de l'extrême» ("O céu é o limite, os pintores do extremo").