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"Sou músico, mas sei de que lado pegar na arma e o que fazer com ela"

O violinista ucraniano Andriy Slabodukh, de 52 anos e a residir em Portugal há 21 , diz que está pronto para pegar em armas se for preciso para combater a invasão russa no seu país.

"Sou músico, mas sei de que lado pegar na arma e o que fazer com ela"
Notícias ao Minuto

14:40 - 04/03/22 por Lusa

Cultura Andriy Slabodukh

"Se for preciso eu também vou [para a Ucrânia]. Eu sou músico, mas sei de que lado pegar na arma e o que fazer com ela", disse à Lusa Andriy Slabodukh, um dos dois músicos ucranianos que fazem parte da Orquestra Filarmonia das Beiras, sediada em Aveiro.

O músico tem mantido um contacto diário com a família que deixou na Ucrânia - mãe, irmã, dois sobrinhos e a sogra que vivem na região de Ternopil, uma zona situada na parte ocidental da Ucrânia, a cerca de 500 quilómetros da capital Kiev.

Embora a guerra ainda não tenha chegado a Ternopil, Andriy Slabodukh diz que os familiares estão "muitíssimo preocupados", porque a situação "é horrível", adiantando, no entanto, que eles "acabaram por se habituar à situação".

"Nos primeiros dias todos ficaram em choque, mas agora podemos dizer que o exército está a defender muito bem o país e na nossa terra estão mais sossegados. Arranjaram na cave um abrigo, para se esconderem", relatou.

O músico, que está a colaborar como voluntário em campanhas de recolha de alimentos e medicamentos que estão a ser encaminhados para a fronteira da Polónia com a Ucrânia, disse que teve sempre a esperança de que a guerra não iria começar, mas acredita a Ucrânia vai vencer.

"Não sei dizer quando isto acaba, mas acaba e nós vamos vencer", afirmou.

Por seu lado, Svitlana Gavrikova, violoncelista da Orquestra Filarmonia das Beiras desde 2009, mostra-se "orgulhosa" do seu povo e elogia os colegas e amigos ucranianos que pela primeira vez pegaram em armas para defender o país.

"Muitos colegas de turma e meus amigos trocaram os instrumentos por armas. Fico muito orgulhosa do meu povo, porque é uma força. Podemos não ter o melhor equipamento do mundo, mas temos uma vontade de lutar pela liberdade, pela nossa terra", disse.

Casada com um português, Svitlana Gavrikova contou que tem contactado várias vezes por dia os familiares em Kiev - a mãe de 80 anos, duas irmãs, de 54 e 50 anos, e dois sobrinhos de 25 e 27 anos -- adiantando que neste momento estão todos bem.

"Elas não querem sair porque a minha mãe tem problemas de saúde e não consegue fazer a viagem. Tenho conseguido [falar] com elas, mas já percebi que não posso verificar cinco segundos as notícias e ligar-lhes, porque fica uma situação desgastante", afirmou.

Svitlana Gavrikova diz-se "chocada" com as imagens de destruição provocada pelos bombardeamentos russos em Kiev, a sua cidade natal: "A minha irmã mandou uns vídeos das ruas perto da minha escola. Isto é impossível, parecem os vídeos da segunda guerra mundial. Dói-me muito ver estas coisas".

A violoncelista ucraniana contou ainda que tem partilhado todas as informações relacionadas com a guerra na Ucrânia para as pessoas terem ideia do que está a acontecer.

"Há muitas pessoas russas que dizem que isto não é verdade", afirmou, adiantando que não tolera as pessoas que "querem fechar os olhos e dizer que não há guerra na Ucrânia".

Svitlana Gavrikova reconhece que também há alguns ucranianos que se portam "de maneira não adequada": "Por exemplo, tenho uma aluna a quem ligaram a dizer 'morre', porque é russa. Isto é uma coisa que não consigo tolerar".

"Só quero que esta loucura acabe. Quero que o Putin pare com isto, porque sofrem pessoas inocentes, crianças e idosos", desabafou.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades.

As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de um milhão de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.

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