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Peça de teatro reflete sobre impacto da violência dos videojogos

Uma peça de teatro que tem por tema a violência nos videojogos e o seu impacto nos consumidores mais jovens, encenada por um assumido adepto daquela forma de entretenimento, tem apresentação marcada para sábado, em Coimbra.

Peça de teatro reflete sobre impacto da violência dos videojogos
Notícias ao Minuto

11:04 - 29/10/21 por Lusa

Cultura Teatro

A história original de "Killology", escrita pelo britânico Gary Owen, em 2017, e encenado em português por Gonçalo Carvalho, da companhia teatral Palco 13, de Cascais, versa sobre um jogo de computador em que os jogadores são recompensados conforme as mortes e torturas mais ou menos criativas que infligem no adversário.

Porém, na 'Black Box' do Convento de São Francisco, onde a peça será apresentada no sábado, às 18:00, "o público não é chamado a jogar e em cena ninguém joga o jogo", disse à agência Lusa Gonçalo Carvalho.

Explicou que o jogo "é um mote para as relações que se desenvolvem no espetáculo" interpretado por Romeu Vala, Diogo Mesquita e Luís Lobão.

"É mais uma reflexão da violência que está presente nos videojogos e de que modo essa violência influencia as novas gerações consumidoras desse tipo de jogos", enfatizou.

Segundo uma nota da produção, a cargo da Palco 13, "Killology" é um espetáculo "que formula questões sobre o rasto de destruição" que os videojogos deixam, "abordando a moralidade do jogo, a imposição de barreiras e fronteiras na criação deste tipo de conteúdos, a falta de legislação dos mesmos e o acesso livre por parte de crianças de todas as idades".

A peça "cruza a realidade com a ficção que, cada vez mais, tragicamente se vão aproximando", e questiona, entre outras premissas, "qual é a responsabilidade de um criador de um jogo violento quando alguém é brutalmente espancado, na vida real, de uma forma idêntica às representadas num jogo".

"Terão sido os valores do criador deturpados por uma indústria que vale 136 mil milhões de euros e continua a crescer?", acrescenta.

Aos 33 anos, assumido "aficionado" de videojogos -- joga "bastante, mais do que devia" - Gonçalo Carvalho frisou que a ideia subjacente à encenação da peça deriva do interesse que tem pelo tema, mas também à grande "explosão" do universo dos jogos de vídeo nos últimos anos, "com uma faixa etária cada vez mais nova a consumir este tipo de produto".

"Interessa-me refletir sobre que efeitos é que isso terá", notou o encenador.

Deu o exemplo do 'Fortnite', jogo "bastante conhecido e que é capaz de ser, atualmente, o mais popular do mundo e que é jogado por crianças de cinco, seis anos em diante, se calhar até mais novas", ainda que esteja indicado para maiores de 12 anos.

"O conceito do jogo é ter, simplesmente, 100 jogadores numa ilha a matarem-se uns aos outros e ganha aquele que sobreviver. Isto com um grafismo muito próximo dos desenhos animados, que retira toda esta camada de violência que o jogo tem, mas não deixa, na sua génese, de ser um jogo altamente violento e com uma premissa altamente problemática", argumentou Gonçalo Carvalho.

Outro caso de violência em videojogos é a série GTA ('Grand Theft Auto'), atualmente na versão cinco, que está indicada nas diversas plataformas para maiores de 17 anos e que o encenador também jogou. Agora já não o faz com regularidade, desde que descobriu 'League of Legends', um jogo 'online' em que os jogadores constituem equipas de campeões com habilidades únicas para lutar contra equipas adversárias.

A peça começou a ser ensaiada em fevereiro, em Montemor-o-Novo, distrito de Évora, onde se situa o Espaço do Tempo, projeto de residências artísticas: "Ajudou muito, foi a primeira vez que nos juntámos para trabalhar o espetáculo, foi o início dos ensaios. Permitiu concentrar o trabalho a 100%, viver nessa 'bolha' e estar só focados no texto, nas temáticas do texto, na experimentação, na improvisação e na troca de ideias", sublinhou Gonçalo Carvalho.

Sobre o local do espetáculo no Convento de São Francisco, o encenador - que também assina a música original e o desenho de luz -- disse que a 'Black Box' derivou da programação e não de nenhum aspeto conceptual de "Killology".

"Ainda assim, o espetáculo está concebido para ser feito para uma plateia de 100, no máximo 120 pessoas, porque ganha por ser intimista. Se fosse numa sala maior, perderia a força que tem quando é feito para uma plateia mais próxima", sublinhou Gonçalo Carvalho.

"Killology" estreou-se em Cascais, na semana passada, com quatro apresentações e, depois de Coimbra, ruma a Almada, entre 12 e 14 de novembro, na Sala Experimental do Teatro Municipal Joaquim Benite. A partir de março de 2022 tem agendada uma digressão pelo país.

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