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Notre-Dame, o "majestoso e sublime edifício", escreveu Victor Hugo

"Majestoso e sublime edíficio", escreveu em 1831 o escritor francês Victor Hugo, referindo-se à catedral de Notre-Dame, hoje atingida por um violento incêndio, que provocou para já a queda do pináculo.

Notre-Dame, o "majestoso e sublime edifício", escreveu Victor Hugo
Notícias ao Minuto

20:36 - 15/04/19 por Lusa

Cultura História

Monumento emblemático da capital, da história de França e da arquitetura gótica, a catedral de Notre-Dame foi homenageada por Victor Hugo em 1831 no primeiro capítulo 1.º do seu romance 'Notre-Dame de Paris'.

"Sem dúvida, a igreja de Notre-Dame de Paris é ainda hoje um majestoso e sublime edifício. Mas por mais bela que seja conservada enquanto envelhece, é difícil não suspirar, e não nos indignarmos perante as degradações, as mutilações sem nome que em simultâneo o tempo e os homens provocaram no venerável monumento, sem respeito por Carlos Magno que colocou a primeira pedra, por Filipe-Augusto que colocou a última", escreveu.

Nesta obra, considerado o maior romance histórico de Victor Hugo, o escritor narra a história do amor altruísta do deformado sineiro da catedral de Notre Dame, Quasimodo, pela bailarina cigana Esmeralda. Com um estilo realista, especialmente nas descrições de Paris medieval e seu submundo, o enredo é melodramático, com muitas reviravoltas irónicas.

O livro foi um sucesso instantâneo e logo fez de Victor Hugo o mais famoso escritor que vivia na Europa, tendo o livro se propagado e traduzido por todo o continente.

Victor-Marie Hugo foi um novelista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista pelos direitos humanos francês de grande atuação política em seu país. É autor de "Les Misérables", entre diversas outras obras clássicas de renome mundial.

Notre-Dame encontrava-se em obras de restauro no exterior quando deflagrou hoje o violento incêndio continua a devastar o edifício.

A catedral iniciada no século XII, acrescentada e alterada ao longo dos séculos

A Catedral de Notre-Dame foi edificada em 1163, iniciou a função religiosa em 1182, embora os trabalhos de construção tenham prosseguido até 1345. Os primeiros arquitetos foram Pierre de Montreuil e Jean de Chelles, mas a catedral, construída na Île de la Cité, continuou a ser acrescentada e alterada, ao gosto das épocas, ao longo dos séculos, para lá de 1345.

Em finais do século XVII, no reinado de Luís XIV, o templo foi alvo de alterações substanciais, com a destruição de alguns vitrais e a introdução de elementos da gramática do barroco.

No contexto da Revolução Francesa (1789), outros elementos da Catedral foram destruídos e alvo de roubos, nomeadamente, os seus tesouros artísticos.

Em 1844 a Catedral foi restaurada ao gosto da gramática do romantismo, sob a égide dos arquitetos Eugéne Viollet-le-Duc e Jean-Baptiste Lassus, mas, passados poucos anos, em 1871, foi novamente palco de turbulência social, tendo supostamente sido alvo de um incêndio.

Em 1965, as escavações realizadas levaram à descoberta de catacumbas romanas, uma catedral merovíngia do século VI e um bairro medieval.

Em 1991, foi iniciado um projeto de restauro e conservação, com um prazo de dez anos, mas que não tinha sido ainda dado como terminado.

A catedral inspirou vários artistas plásticos, como Henri Matisse, e também escritores. Em 1831, Victor Hugo publicou o romance "Notre-Dame de Paris", em que surge, entre outras personagens, Quasímodo, o corcunda de Notre-Dame, e a cigana Esmeralda, ficção mais tarde adaptada várias vezes ao cinema.

A primeira adaptação cinematográfica foi em 1923, por Wallace Worslei, e entre outras, destacam-se a de 1939, de William Dieterle, com Charles Laughton, a de 1956, por Jean Delannoy, com Gina Lollobrigida e Anthonny Quinn, e a de 1996, um filme de animação dos Estúdios Disney, e, em 1997 por Peter Medak, com Salma Hayek.

Desde o início de fevereiro até ao final de março, deste ano, mais de 10 igrejas em França foram alvo de ataques ou de pequenos incêndios.

A Igreja de Saint Sulpice, a segunda maior de Paris, depois de Notre-Dame, foi alvo de um ataque, no passado dia 17 de março, depois de a porta principal, em madeira, ter sido incendiada.

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