Alberto Chipande, 78 anos, conta, em entrevista divulgada hoje pelo diário Notícias, que o livro faz revelações sobre a guerra colonial (1964-1974), que manteve em segredo em cumprimento dos entendimentos entre a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e o governo colonial português.
"A Comissão Mista entre a Frelimo e o Governo colonial português decidiu que tudo o que se passou durante os 10 anos de guerra, em Moçambique, não devia ser publicado, devia ser segredo", afirmou Chipande.
"Só 43 anos depois é que decidi escrever, preparei o material há quatro anos, os portugueses não respeitaram, os generais e os militares portugueses que combateram em Moçambique escreveram brochuras e publicaram livros sobre as façanhas da guerra em Moçambique", declarou.
Os generais portugueses, continuou, revelaram a sua versão dos contornos da "Operação Nó Górdio", lançada pelas autoridades coloniais para derrotar militarmente a guerrilha da Frelimo.
Entre os factos que considera de relevo no período de transição para a independência de Moçambique em 25 de junho de 1975, Alberto Chipande recorda que o último contingente de militares portugueses devia deixar o país de navio no momento em que fosse içada a bandeira do novo Estado.
"Eu tinha a missão de içar a bandeira de Moçambique e no porto de Maputo encontrava-se ancorado um navio português que transportaria o último contingente de soldados portugueses que haviam sido encarregues de assegurar a transição e a proclamação da independência nacional", lembra Alberto Chipande.
A História oficial em Moçambique atribui a Alberto Chipande o primeiro tiro da guerra contra o colonialismo português, no posto administrativo de Chai, distrito de Mueda, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, a 25 de setembro de 1964.
Depois da independência, Alberto Chipande assumiu o cargo de ministro da Defesa Nacional, até 2004.
Chipande é membro da Comissão Política da Frelimo e deputado pelo partido no poder à Assembleia da República.