"Situação na República Centro Africana é terrível"
A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos classificou hoje de "terrível" a situação na República Centro Africana (RCA), onde "as pessoas continuam a ser mortas diariamente" e "não há Estado".
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Mundo ONU
Navi Pillay falava numa conferência de imprensa em Bangui, depois de dois dias de contactos na RCA, segundo a declaração divulgada no "site" do Alto Comissariado.
A RCA mergulhou no caos desde que em março de 2013 a coligação Séléka, de maioria muçulmana, derrubou o governo do país maioritariamente cristão e presidido por François Bozizé, desencadeando uma espiral de violência sectária, com um balanço de milhares de mortos.
"O ódio entre comunidades permanece num nível terrível", lamentou a Alta Comissária, adiantando que a RCA se "tornou um país onde as pessoas não são apenas mortas, são torturadas, mutiladas, queimadas e desmembradas" quer por "multidões espontâneas" quer por "grupos organizados de homens armados".
Navi Pillay disse ainda que, segundo organizações da sociedade civil e agências da ONU, as violações e a violência sexual têm vindo a aumentar "especialmente nos campos para deslocados".
Acresce que "não há efetivamente Estado: nenhum exército nacional coerente, nenhuma polícia, nenhum sistema de justiça (...) O designado 'sistema penal' (...) não funciona de todo".
A responsável disse que todos os que contactou realçaram a "necessidade urgente de restaurar a lei e a ordem", assinalando, no entanto, que os recursos são limitados.
Em termos de ajuda, Navi Pillay declarou-se "profundamente preocupada com a lenta resposta da comunidade internacional", adiantando que apenas foi dada resposta a 20 por cento das necessidades de ajuda humanitária.
Exortou ainda os Estados a responderem rapidamente ao apelo do secretário-geral da ONU para se constituir uma força com 10.000 "capacetes azuis" e 2.000 polícias.
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