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Bairro de Loures transforma-se em galeria de arte ao ar livre

A Quinta do Mocho, em Loures, transformou-se numa galeria de arte ao ar livre que atrai cada vez mais visitantes ao bairro, muitas vezes "rotulado" como um dos mais problemáticos do país.

Bairro de Loures transforma-se em galeria de arte ao ar livre
Notícias ao Minuto

07:43 - 01/02/15 por Lusa

Cultura Eventos

Em outubro do ano passado, nasceu neste bairro da freguesia de Sacavém o Festival O Bairro i O Mundo, desenvolvido pela Câmara com o apoio do Conselho da Europa e de várias associações locais, com o objetivo de promover a inclusão social através da arte.

A pintura de fachadas é uma das componentes mais visíveis da iniciativa, que tem ali levado nos últimos meses dezenas de 'graffiters' nacionais e internacionais, para ali dar azo à sua criatividade.

O cantor jamaicano Bob Marley, crianças africanas, um mocho, uma girafa com um pijama da personagem da Disney Minnie e uma cegonha gigante são algumas das representações que têm enchido de orgulho os moradores do Mocho e despertado a curiosidade de muitos visitantes, que outrora evitavam passar dentro do bairro.

"São muitos os carros que agora passam aqui e param para tirar fotografias. Antigamente nem sequer passavam aqui", conta à Lusa Fernando Mendinho, proprietário de uma churrasqueira.

Enquanto observa o trabalho de um dos artistas, o morador, de 55 anos, queixa-se da "má fama" do bairro e assegura que a vida na Quinta do Mocho é pacífica: "Há pessoas aqui que são trabalhadoras e muito amáveis", aponta.

Kedy Santos, morador e presidente da Associação Estrelas do Bairro, também sentiu uma "mudança para melhor" na forma como as pessoas olham para a Quinta do Mocho, referindo que o ambiente melhorou bastante: "O bairro agora está mais acolhedor, mais afável. As pessoas que passam já sentem mais. Isto é uma galeria de arte urbana que envolve as pessoas". Também na dinâmica da zona houve mudanças, nomeadamente no comportamento dos mais jovens.

"Explicamos aos jovens que se amam o bairro têm de ser os primeiros a cuidar dele. Hoje já sabem tomar certos procedimentos que outrora não sabiam. Sabem pedir autorização à PSP para fazer uma festa ou ir à câmara pedir materiais ou apoio para alguma iniciativa que queiram realizar", conta.

Uns metros à frente, Miguel Brum, um dos 'graffiters' convidado, termina de "dar uma nova vida" a um prédio. A imagem escolhida foi uma flor, para "representar o ciclo da vida".

"Aqui temos liberdade criativa. Vimos cá dar de nós ao bairro e fazer aquilo que nos vai na mente", afirma, enquanto observa, orgulhoso, o seu contributo.

Mas a pintura de fachadas é apenas uma das componentes deste projeto que pretende "levar a cabo uma intervenção mais profunda" e "apagar de vez a imagem negativa do bairro, segundo a vereadora da Coesão Social, Eugénia Coelho.

"Isto é apenas o pontapé de saída para a intervenção que queremos e estamos a fazer, com os moradores, neste bairro, nomeadamente na recuperação do edificado, na participação efetiva da população e procura de soluções para a sua vida", aponta a autarca.

O Bairro i o Mundo já extravasou fronteiras e é um dos cinco finalistas do "Diversity Advantage Challenge", um concurso europeu que visa premiar as melhores práticas no âmbito da diversidade cultural.

O vencedor será anunciado no dia 24 de março, em França, e concorrem também projetos da Alemanha, Bósnia-Herzegovina, Espanha e França.

Num passado não muito distante, a Quinta do Mocho era considerado um dos mais inseguros e problemáticos do país. Em 2008, a Câmara de Loures assinou com o Governo um Contrato Local de Segurança que visava criar estratégias de prevenção da criminalidade.

Quase sete anos depois, os moradores pedem uma nova oportunidade e que comecem a olhar para o bairro com outros olhos: "As pessoas pensam que a Quinta do Mocho é só monstros, mas estão muito enganados. Também há trabalhadores, estudantes e pessoas boas. Espero que este festival sirva para despertar muitas mentes que ainda estão 'off line'", afirma, com ar esperançado, o morador Ludy Crazy.

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