"Teatro angolano tem talento, mas faltam apoios"
A atriz portuguesa Sandra Barata Belo, que está há mês e meio em Luanda, onde promove ações de formação, considera que o teatro angolano tem talento, mas faltam-lhe apoios para se desenvolver.
© Lusa
Cultura Sandra Belo
Em declarações à agência Lusa, Sandra Barata Belo elogia o desenvolvimento que Angola regista há alguns anos, mas considera "impensável que também não cresça culturalmente".
"As artes são a manifestação de um povo e não há cidade atual, contemporânea, cosmopolita, que não tenha grandes teatros, grandes museus, auditórios, que não haja uma forte componente artística, porque a arte e as manifestações artísticas fazem parte do crescimento de um povo, de uma sociedade", disse Sandra Barata Belo.
A atriz, conhecida do grande público pela interpretação de Amália no cinema e pela participação em várias telenovelas do canal privado SIC, desenvolve um projeto de formação de atores, na área do teatro e da dança, provenientes dos grupos Arte e Justiça, do bairro do Sambizanga, do Marados-Teatro de Rua e do grupo de dança Kussanguluka.
"Daquilo que eu vi do teatro em Luanda, há algumas peças de que gostei mais, há outras de que não [gosto]. Na minha opinião, é preciso trabalhar mais na proposta de encenação, ir para um teatro com uma linguagem mais abrangente e não ficar numa linguagem mais fechada", avaliou a atriz.
Sandra Barata Belo acredita que existe talento e aos atores angolanos elogia-lhes ainda a criatividade física.
"Acho que há talento, normalmente a maior parte dos atores que conheço, dos bailarinos, são muito criativos, fisicamente têm um trabalho de corpo fantástico, um movimento fantástico e acho que pode vir a ser explorado", acrescentou.
Apesar das dificuldades por que passam os atores angolanos, Sandra Barata Belo pretende pegar no atual grupo e noutras pessoas também e formá-los.
"O que eu noto com estes jovens é que têm imensa dificuldade em saírem dos bairros, de chegarem cá. Têm imensos problemas para chegar cá, a nível do transporte, a questão do almoço", entre outras preocupações, como constatou.
Com mais 15 dias em Luanda, onde também está a gravar a série "Interligados" para o canal de televisão privado angolano TV Zimbo, Sandra Barata Belo quer dar continuidade ao projeto, mas de forma mais estruturada, diferente do que acontece agora.
"Desta vez estamos a fazer isso tudo sem apoio, nasce mesmo da vontade de querer fazer coisas, quero num futuro próximo voltar", disse.
A trabalhar com um grupo de 11 atores, os trabalhos baseados em contos do escritor angolano Ondjaki, retirados do seu livro "E se Amanhã o Medo", decorrem no Elinga Teatro, onde também dá aulas de movimento de dança contemporânea.
"Está a ser muito interessante, quando estamos a dar formação, também sinto que estou a aprender imenso", frisou.
A divulgação do trabalho de formação que tem vindo a desenvolver está marcada para o próximo dia 17, no Elinga Teatro.
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