Zomato: "Portugal será o primeiro país ocidental lucrativo"

O Tech ao Minuto teve a oportunidade de entrevistar Miguel Alves Ribeiro, Head of Growth Europe da Zomato, a propósito da evolução da aplicação em Portugal.

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Miguel Patinha Dias com Ana Lemos
20/02/2016 09:17 ‧ 20/02/2016 por Miguel Patinha Dias com Ana Lemos

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Entrevista

Em abril a Zomato fará dois anos no nosso país, dois anos que levou esta aplicação a tornar-se uma referência não só para os utilizadores como também para a própria área da restauração, profundamente tradicional até aqui e que teve na Zomato um ‘pequeno empurrão’ para a modernidade.

O Tech ao Minuto teve a oportunidade de entrevistar um dos responsáveis por este sucesso, Miguel Alves Ribeiro, até há pouco tempo responsável apenas pelo território português e uma função que passou a ter de ‘dividir’ com a posição de Head of Growth de toda a Europa. Algo correu, portanto, muito bem no nosso país e fomos saber o que há Portugal que tenha despoletado este sucesso.

Esta é a primeira parte de uma entrevista cuja continuação poderá ler amanhã, focada no futuro da Zomato e no que segue para a aplicação.

Atualmente, em Portugal, quantos utilizadores regulares têm na aplicação?

Podemos dizer que temos mais de 50 mil, muito perto dos 60 mil a visitarem a nossa página. Temos picos, como tivemos agora no Dia dos Namorados, que foi uma brutalidade… muito mais do que aquilo que estávamos à espera, mas a média ronda as 50 mil pessoas, muito perto das 60 mil pessoas, em crescendo.

Qual é a importância de um dia como o Dia dos Namorados? A afluência teve um aumento de que ordem?

Na ordem dos 37, quase 40%. Nós estávamos à espera, mas também com o mau tempo e tudo aquilo que se passou neste fim-de-semana, não estávamos à espera de uma adesão tão grande… as pessoas escreveram muito. Muitas opiniões, muitos ratings, muitas fotografias descarregadas. Quer dizer que as pessoas saíram, mesmo com mau tempo saíram de casa e foram comer fora. Portanto, é um bom sinal e um bom indicador para o nosso país.

Quais são os tipos de utilização da aplicação Zomato? Que tipo de utilizadores têm?

Temos vários tipos de utilização na Zomato, desde aquela pessoa que usa só a Zomato para pesquisar e não tem qualquer interacção activa, pesquisa só quais são os restaurantes da moda, o que é que dizem dos restaurantes daquela zona… usa mais para descobrir e esta é uma grande parte dos utilizadores. Não tem nenhuma opinião, não faz qualquer upload de fotografias, não faz check-in, mas usa ativamente.

Temos de o tipo de utilizador esporádico, que vem à Zomato de vez em quando e comenta ou faz um rating novo. Depois, temos os extremamente activos, que são o que nós consideramos um utilizador que escreve ou que interage com a Zomato mais do que três vezes por semana. E deste tipo temos uma franja bastante grande e é um crescente.

Há alguma nova funcionalidade que possa adiantar? Uma funcionalidade exclusiva para Portugal ou para uma região em especial.

Na República Checa, em Praga, já temos os restaurantes todos a fazer ca carregar os menus. Nós vamos ter isso para menus do dia. Há um conceito muito forte no menu de almoço. Quase todos os restaurantes em Praga têm um preço diferenciado ao almoço, então há uma utilização massiva da Zomato. Isto é uma das características que nós estamos a trabalhar para Portugal.

Precisamos ter alguma massa crítica para saber se os restaurantes estão dispostos a fazer esta interacção com o Zomato. Acho que faz sentido, porque muitos dos nossos restaurantes já têm menus de almoço, não têm é onde divulgar e nós vamos dar essa plataforma.

Quais foram os maiores desafios da equipa até aqui?

O nosso cliente são na verdade dois. É o utilizador, a quem nós queremos dar o melhor conteúdo que conseguirmos e é rei dentro da nossa casa e por outro lado, o dono do restaurante. Portanto, temos que agradar a estas duas componentes. Temos de trazer toda a informação do restaurante e passar ao nosso utilizador. Por outro lado, também temos que serviços que fornecemos e criamos para os donos dos restaurantes, para facilitar a vida, para facilitar a comunicação e para dar um bocadinho mais de visibilidade àquilo que eles já têm.

A área da restauração é muito mais tradicional que o utilizador final. A Zomato serve como uma ponte entre o restaurante e o utilizador, mas enquanto este último é muito mais aberto a este tipo de experiências, a este tipo de veículos, a maior parte dos restaurantes sempre foram mais fechados. Proporcionar essa abertura dos restaurantes terá sido um dos maiores desafios?

Esse é o nosso desafio, sem dúvida. O mercado da área da restauração é um mercado tipicamente analógico, são extremamente adversos a tudo o que são novas tecnologias, estão a adaptar-se a uma nova realidade porque hoje em dia até a contabilidade tem de ser organizada e digital. Portanto eles estão-se a habituar e a fazer esta transição do analógico para o digital e nós entramos muito nesta área para lhes poder mostrar quais são as mais-valias destas tecnologias nas áreas de comunicação, marketing e visibilidade. Comunicarem não com o panfleto que metem no vidro do carro e sim comunicar através de uma plataforma altamente segmentada para pessoas que quando visitam o Zomato visitam com fome.

Há muitos deles que já estão a entender a força que estes meios têm, há outros que ainda temos uma grande batalha para travar. Não tanto o trazer o conteúdo, porque bem ou mal as pessoas já sabem o que é a Zomato e já nos dão essa informação. O nosso desafio é fazer o dono do restaurante entender como é que a Zomato pode trazer mais clientes para a sua casa.

Têm tido uma evolução favorável?

Muito favorável. Eu acho que nós entrámos no mercado português na altura certa. Tivemos uma série de factores que nos ajudaram a que isto resultasse. Um dos grandes factores que nos trouxe a este princípio de sucesso que estamos a ter foi a nossa equipa. Escolhemos muito bem as pessoas que arrancaram com a Zomato em Portugal. Acho que também entrámos no momento certo em termos de timing.

A sair da crise, as pessoas precisam de algo novo e nós preenchemos um espaço. Não havia uma rede social onde as pessoas pudessem orientar-se para a área gastronómica e há muita gente que gosta de falar de comida. Nós somos das poucas populações que conheço em que estamos sentados à mesa a pensar onde é que vamos jantar. Isso também nos ajuda, a nossa cultura gastronómica, a nossa paixão pela nossa culinária portuguesa e mediterrânica.

Foi esta evolução e estes factores que eventualmente ajudaram a tornar Portugal a sede europeia.

Portugal teve alguns factores que mudaram muito a Zomato, nomeadamente a camada social. Antigamente a Zomato tinha apenas os menus, as opiniões sobre os restaurantes e as avaliações dadas. Não havia este ‘gaming’ que há hoje, o carregar uma fotografia e ganhar pontos… não havia nada disso. Esta vertente arrancou tão bem que decidimos avançar a nível mundial. Vamos voltar a ter o Zomato Food Porn, o nosso site o Zomato.XXX, e temos algumas características que foram criadas cá em Portugal, como as colecções.

Tudo o que fazemos em Portugal é replicado não só na Europa, mas em outros países. Somos uma força predominante nesta evolução da Zomato, expandimo-nos e começámos a lançar para uma série de outros países. Fui o primeiro estrangeiro a ser contratado pela Zomato para uma posição sénior e Portugal foi o primeiro país a ter um Country Manager local. Quando lançavam a Zomato numa região nova pegavam num grupo de pessoas da Índia e enviavam para a Turquia, por exemplo, e eles tinham de se adaptar à cultura, à língua, ao país e tudo mais e isto demorava algum tempo a ganhar tracção.

Portugal foi o primeiro país a ter uma equipa nacional. Tivemos uma ajuda de mais sete ou oito pessoas que vieram da Índia, da Turquia, das Filipinas, da República Checa, que nos vieram mas a partir daí lançámos outros países – a Polónia, a República Checa, a Eslováquia, a Irlanda – da mesma forma que lançámos Portugal e aí com muito mais sucesso. Portanto, Portugal foi uma boa aprendizagem para a Zomato.

Pode dizer-se que Portugal foi uma espécie de molde para o que a Zomato viria a ser no futuro?

Foi no que diz respeito ao lançamento para novos países, sim. Portugal é um exemplo para qualquer país em que a Zomato arranque e tornou-se extremamente importante porque vai ser o primeiro país da zona ocidental a ser lucrativo. Temos o nosso conceito provado em todos os países do oriente, ou seja, Filipinas, Índia, Dubai, por aí.

Sabemos que a Zomato funciona, porque somos lucrativos em alguns países e ganhámos o mercado na zona oriental. Na zona ocidental, Inglaterra, Irlanda, Brasil, Chile… Portugal vai ser o primeiro a vingar. Este é um ano muito importante para nós e vai ser um orgulho muito grande para a nossa equipa e para a Zomato, ter um país como Portugal, um exemplo, sendo lucrativo quer dizer que funciona.

Não perca amanhã a segunda parte da entrevista onde é abordado o que reserva a aplicação da Zomato para o futuro.

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