A OpenAI removeu no começo de agosto uma funcionalidade do ChatGPT depois de quase 4.500 conversas com o ‘bot’ de conversação com Inteligência Artificial terem ficado expostas publicamente - sendo até pesquisáveis através do motor de busca da Google.
Conta a Fast Company a funcionalidade ‘responsável’ por esta exposição foi a capacidade de partilhar conversas com o ChatGPT diretamente através da ferramenta de Inteligência Artificial. Ao criar um ‘link’ que fosse possível partilhar uma conversa com familiares, amigos ou colegas, os utilizadores têm a opção permitir que a conversa seja descoberta através de motores de busca, o que faz com que a conversa seja indexada em serviços como o Google.
Dado que o teor das conversas tidas no ChatGPT é muitas vezes mais íntimo, fica claro que estas interações indexadas no Google e disponíveis publicamente é indesejado. Felizmente, a OpenAI removeu esta funcionalidade e o Chief Information Security Officer da empresa, Dane Stuckey, explicou numa publicação partilhada na rede social X que se tratou de uma “experiência curta”.
We just removed a feature from @ChatGPTapp that allowed users to make their conversations discoverable by search engines, such as Google. This was a short-lived experiment to help people discover useful conversations. This feature required users to opt-in, first by picking a chat… pic.twitter.com/mGI3lF05Ua
— DANΞ (@cryps1s) July 31, 2025
“Acabámos de remover uma funcionalidade da aplicação do ChatGPT que permitia aos utilizadores tornarem as suas conversas pesquisáveis em motores de buscas, como o Google. Esta foi uma experiência curta para ajudar as pessoas a descobrirem conversas úteis”, explicou Stuckey, notando que os utilizadores tinham de escolher de forma consciente partilhar as conversas com motores de busca.
“No final, considerámos que esta funcionalidade introduzia demasiadas oportunidades para pessoas partilharem coisas sem intenção, por isso vamos remover a opção”, afirmou o executivo. “Também estamos a trabalhar para remover conteúdo indexado dos motores de busca relevantes. Esta mudança está a ser lançada para todos os utilizadores”.
Conversas sensíveis
Desde que foi lançada oficialmente no final de 2022 que o ChatGPT - e ferramentas semelhantes - se tornaram cada vez mais populares, chegando até ao ponto de serem usadas por alguns utilizadores para terapia.
Tal fica evidente com o relatório 'Os 100 principais usos da IA generativa em 2025', que indica que as três utilizações mais relevantes este ano estão dentro da categoria de suporte pessoal e profissional, "sinal de que a inteligência artificial está a deixar de ser vista apenas como uma ferramenta de trabalho".
"A IA generativa tem sido usada como apoio terapêutico e companhia emocional", concluindo que as respostas geradas pelos modelos de IA já são indistinguíveis das escritas por humanos em matéria de intervenção terapêutica.
As ferramentas de IA como o ChatGPT, Claude ou Copilot têm sido usadas como assistentes pessoais, ajudando os utilizadores a refletir sobre os seus hábitos, prioridades e intenção, através de um movimento que vai além da produtividade.
"Determinar e definir os valores de uma pessoa, superar obstáculos e tomar medidas para o auto desenvolvimento, tudo isto agora aparece com frequência no objeto de estudo", lê-se no documento.
No ranking de 2024, estas ferramentas eram usadas, em primeiro lugar, para gerar ideias, em segundo lugar para terapia/companhia e em terceiro lugar para procurar informação específica.
Em 2025, a geração de ideias caiu para a sexta posição e a procura por determinadas informações aparece em 13.º lugar, o que, segundo o estudo, indica que a IA está a deixar de ser apenas funcional para passar a ser relacional.
"Estes três usos refletem os esforços de autorrealização, marcando uma mudança de aplicações técnicas para aplicações mais emocionais no último ano", concluiu o relatório.
Apesar disso, é ainda realçado que o avanço da IA generativa vem acompanhado de dúvidas e preocupações, por exemplo, na educação de crianças e jovens, pois a facilidade com que os modelos de linguagem conseguem resolver tarefas escolares levanta alertas sobre a formação intelectual e o desenvolvimento cognitivo na era da IA.
O relatório 'Os 100 principais usos da IA generativa em 2025' foi publicado pela Harvard Business Review, tendo como objetivo mapear os usos mais populares da tecnologia.
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