A órbita da sonda está a decair e espera-se que "reentre na atmosfera terrestre algures entre 7 e 13 de maio", disse hoje a NASA na sua página na internet.
Como foi concebida para resistir à passagem pela atmosfera de Vénus, que é mais densa do que a da Terra, "é possível que a sonda (ou partes dela) sobreviva à reentrada na Terra e atinja a superfície".
No entanto, há muitos fatores de incerteza, incluindo o facto de a trajetória de reentrada ser longa e pouco profunda, e não se pode excluir que se parta ou desintegre à medida que atravessa a atmosfera da Terra, disse o astrónomo Marco Langbroek, da Universidade de Delft (Alemanha).
A sonda tem um invólucro protetor de titânio, "uma espécie de cubo metálico, concebido para sobreviver à passagem pela atmosfera de Vénus" e foi equipada com um paraquedas para abrandar a sua velocidade, embora Marco Langbroek, citado pela agência de notícias Efe, duvide que o sistema de lançamento do paraquedas ainda funcione mais de meio século depois.
Como se trata de uma reentrada não controlada, não é possível, nesta fase, dizer "com algum grau de certeza quando e onde" irá ocorrer. A incerteza diminuirá à medida que a data prevista se aproxime, "mas mesmo no próprio dia ainda haverá grandes incertezas", acrescentou.
Marco Langbroek escreveu hoje nas redes sociais que a data mais provável é 10 de maio, com uma margem de erro de 1,5 dias mais cedo ou mais tarde, mas dadas as incertezas, a previsão "é melhor expressa como uma janela de reentrada de vários dias, entre 9 e 13 de maio, em vez de indicar um dia específico".
Os riscos "não são particularmente elevados, mas não são nulos", pois com uma massa de pouco menos de 500 quilos e um tamanho de um metro, são "semelhantes aos de um impacto de um meteorito", declarou o astrónomo, que segue há anos o caso da sonda soviética, na sua página na internet.
O objeto Cosmos 482 foi uma tentativa no âmbito do projeto Venere, com o qual a extinta União Soviética lançou várias sondas para estudar o planeta Vénus, informou a NASA.
Foi lançada em 31 de março de 1972, poucos dias depois da Venere 8, mas não conseguiu sair da órbita baixa da Terra.
Depois de uma aparente tentativa de lançamento numa trajetória de transferência para Vénus, a nave separou-se em quatro pedaços: dois permaneceram na órbita baixa da Terra e desfizeram-se em 48 horas, e os outros (um deles a sonda de aterragem) entraram numa órbita mais alta, de acordo com dados da NASA.
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