"A gente é um país essencialmente periférico, negro, de mulheres, então tem que ter uma inclusão, uma democracia... em todo o processo", disse à Lusa Tiago Liana, gestor de projetos sociais junto da comunidade Grande Terra Vermelha, em Vila Velha, no estado brasileiro do Espírito Santo, durante o último dia do Web Summit na cidade do Rio de Janeiro.
"Isso aqui traz transformação de vida... faz a pessoa sonhar", disse, referindo-se ao evento tecnológico, acrescentando que "a vida já é injusta para eles e que ao menos podiam ter esta benesse"
Tiago, assim como outros três moradores de Jabaeté vieram ao Rio de Janeiro participar do Web Summit através de um programa da EDP Brasil e após a vitória em desafios que destacaram o impacto do projeto Comunidade Solar na região.
Jabaeté recebe, desde 2023, o projeto Comunidade Solar, realizado pela EDP em parceria com a Revolusolar, que leva energia renovável e capacitação profissional ao local.
"O que a EDP fez poderia ser expandido por todo o evento, por todas as empresas aqui, pra trazer jovens de comunidade", rejubilou Tiago Liana, apontando de seguida para um dos palcos do evento e disse: "Quero ver jovens periféricos lá naquela cadeira lá, falando também, porque a gente tem muito a contribuir."
Loureine, de 25 anos, eletrotécnica com sete anos de experiência, foi outra das três moradoras da comunidade que foram ao Web Summit Rio.
Veio com um foco claro: levar inovação para a periferia através das energias renováveis.
"A gente sabe que quando a gente fala de tecnologia, principalmente aqui no Web Summit, a gente está a anos-luz de muita coisa", afirmou, referindo-se às desigualdades no acesso tecnológico que as comunidades entram.
Ao longo dos quatro dias do evento, Loureine identificou startups que trabalham com consumo sustentável e energia, estabelecendo "muitas conexões interessantes" que podem contribuir com a transformação da sua comunidade.
A cidade do Rio de Janeiro e o Web Summit confirmam que o maior evento de tecnologia do mundo permanecerá naquela cidade até 2030.
Sob o acordo inicial de três anos assinado em 2022, o Rio acolheu anualmente a Web Summit desde 2023 e durante este período o evento cresceu de 21.000 participantes no primeiro ano para mais de 34.000 nesta edição.
O novo acordo de cinco anos com a Câmara do Rio de Janeiro, através do Invest.Rio, o fundo de investimento da cidade agência de promoção e atração, verá a Web Summit Rio continuar a decorrer em Riocentro de 2026 a 2030.
O evento tecnológico, que nasceu em 2010 na Irlanda, passou a realizar-se na zona do Parque das Nações, em Lisboa, em 2016, e vai manter-se na capital portuguesa até 2028. A empresa registou também, além do Rio de Janeiro, uma expansão para o Médio Oriente, com o Web Summit Qatar, que se realizou no início de 2024.
A delegação portuguesa voltou a ser a segunda maior estrangeira no Web Summit do Rio de Janeiro, num ano em que o evento bateu o recorde de 'startups' presentes, disse à Lusa a organização.
A delegação portuguesa contava com 28 'startups' com o foco em soluções de inteligência artificial, recursos humanos e desporto e 'fitness', disse à Lusa a fonte da organização do evento.
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