"O nosso grande objetivo para este ano era a barreira dos 1.000 produtos, que andamos a perseguir há algum tempo", disse à Lusa Rui Teixeira, fundador e presidente executivo da Hoterway, numa entrevista realizada de forma virtual.
O conceito da Hoterway nasceu em 2015, quando Rui Teixeira, investigador na Universidade de Aveiro e a trabalhar com materiais de mudança de fase, identificou "o potencial desta tecnologia poder resolver o tempo de espera pela água quente nos edifícios de uma forma eficiente", explicou o próprio.
A ideia inicial era composta por uma coluna de chuveiro, que através deste sistema de mudança de fase carrega uma bateria no interior do produto apenas com a passagem de água quente, ficando pronta a aquecer a água no início do banho seguinte.
Desde então, e após uma campanha de 'crowdfunding', a Hoterway desenvolveu um novo produto, pensado "numa ótica de integração em fase de construção" e que é aplicado em moradias e hotéis "precisamente para resolver este problema da distribuição de água quente" por toda a casa.
A campanha, em 2018, teve uma resposta positiva para a empresa, que viu "o mercado a falar", com os clientes a reagirem "muito bem, porque têm uma noção muito clara do problema que têm", de acordo com o fundador.
Rui Teixeira deu o exemplo de uma proposta de um projeto-piloto que a Hoterway está a implementar em 12 dos cerca de 100 quartos de um hotel.
"Os custos operacionais que eles têm atualmente associados à solução alternativa à nossa são cerca de cinco mil euros por ano, e nós, conseguimos, com a nossa solução e com um investimento de cerca de oito mil euros, reduzir esses custos operacionais anuais para cerca de dois mil", defendeu o presidente da empresa.
Em termos de aceitação entre o cliente individual português, Rui Teixeira apontou que no mercado nacional há "uma noção muito clara do problema que se tem em casa" com o desperdício de água no processo de aquecimento inicial.
Questionado sobre os efeitos de águas pesadas, garantiu que foram feitos vários testes de envelhecimento rápido e que não foi verificada a deposição de calcário no mecanismo, mas destacou que pode ser alvo dos mesmos sistemas de descalcificação usados em caldeiras ou sistemas com contacto com água, tendo ainda enaltecido a garantia de 20 anos dos produtos.
A Hoterway fechou em março uma ronda de investimento com dois fundos de investimento portugueses -- a Beta Capital e a Inside Ventures -- para um plano de negócios a dois anos focado na implementação do produto com foco na hotelaria, mas "sem deixar de parte a questão das moradias".
A empresa estima este ano faturar 200 mil euros e um milhão em 2025.
O crescimento, diz o fundador, tem sido mais difícil por a tecnologia ter surgido através de uma marca desconhecida.
Os problemas na cadeia de abastecimento decorrentes da guerra na Ucrânia e da pandemia da covid-19 foram outro entrave para a empresa, que teve de alterar fornecedores dos controladores e que se deparou com preços que "subiram vertiginosamente".
"Tivemos de alterar fornecedores, estamos a pagar muito mais. Não vou dizer que é uma limitação de acesso, mas é claramente uma penalização muito significativa ao nível do preço, e estou a falar de pagar cerca de cinco vezes mais para os controladores do que estávamos a pagar", referiu Rui Teixeira.
Já no que toca às matérias-primas, materiais como alumínio, cobre, usados para a mudança de fase, os aumentos foram na ordem dos "30%, 35%".
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