"No contexto da computação em nuvem, Portugal está bem integrado nas tendências internacionais, com um conjunto de pequenos operadores secundários, embora sem o conhecimento detalhado dos grandes fornecedores mundiais, sendo importante a implementação das recomendações e regulamentações internacionais", lê-se nas conclusões do relatório 'Tecnologias Emergentes', do Observatório do Centro Nacional de Cibersegurança.
O documento pretende suscitar problemáticas associadas à cibersegurança em tecnologias emergentes, "tendo em conta que o desenvolvimento de novos sistemas e dispositivos nem sempre considera a cibersegurança na sua conceção".
Apresentando "uma visão sobre cinco tecnologias formadoras do presente e futuro tecnológico: a computação na nuvem, a internet das coisas (IoT), a inteligência artificial (IA), a tecnologia móvel 5G e as tecnologias quânticas", o relatório antecipa "o seu expectável impacto futuro" e salienta os aspetos de cibersegurança que devem ser considerados.
O relatório recomenda que sejam "promovidas as melhores práticas de desenvolvimento de software no âmbito da IoT", através de programas dedicados, da criação de comunidades de profissionais de cibersegurança e da implementação de processos de certificação.
Destaca a importância do estrito cumprimento do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) no contexto da IA, salientando "a relevância da sua regulamentação para a atribuição de responsabilidades em caso de violação de privacidade e segurança".
Paralelamente, "e dada a opacidade inerente à tecnologia, conclui-se como sendo crucial, no contexto da segurança das organizações, uma abordagem baseada no risco", alerta.
"A integração destas três tecnologias é propiciada pelo 5G, o que mostra a importância da sua permanente disponibilidade: A inclusão de mecanismos de IA e de computação em nuvem permitem automatizar aspetos de operação e otimização daquelas redes, mas acarreta preocupações ao nível da transparência na obtenção e utilização dos dados", adianta.
As conclusões do relatório referem que, "a sustentar, mas também a ameaçar", todas estas tecnologias encontra-se a computação quântica, em que Portugal tem apresentado bons resultados ao nível da inovação.
Todavia, os autores do documento apelam à "urgente análise crítica dos protocolos usados em serviços de autenticação e assinaturas digitais e a necessidade de progressivo uso de redes quânticas para a distribuição de chaves".
Segundo o Observatório, este estudo tem como público-alvo os vários profissionais do setor, mas também todos os interessados em ter uma primeira abordagem a estes temas, acrescentando que a leitura do documento pode ser útil para suportar o desenho de estratégias seguras na adoção das tecnologias em apreço.
O Observatório de Cibersegurança do CNCS publica anualmente vários relatórios, estudos, inquéritos e boletins que procuram partilhar conhecimento sobre o fenómeno da cibersegurança numa perspetiva multidisciplinar, de modo a suportar o desenvolvimento de políticas públicas e promover o saber sobre este tema junto da comunidade.
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