A nova Lei dos Serviços Digitais da União Europeia, que conta com um conjunto de regras para tornar as plataformas e os mecanismos de pesquisa mais responsáveis por conteúdo ilegal e prejudicial, incluindo discurso de ódio e desinformação, está a colidir com as novas políticas de Elon Musk no Twitter.
Esta semana a rede social dissolveu o seu Conselho de Confiança e Segurança, um grupo de especialistas independentes que tinha o objetivo de orientar questões de moderação de conteúdo, abordando problemas como o discurso de ódio, ou a exploração infantil e já reduziu para metade a força de trabalho do Twitter.
"Muita coisa pode mudar em seis meses, mas parece que o Twitter está a preparar-se para ser o primeiro grande caso de teste da Europa quando se trata de aplicar a Lei dos Serviços Digitais", disse o gestor de políticas do AlgorithmWatch, John Albert, citado pela agência Associated Press.
Desde que Musk assumiu o Twitter em outubro, registou-se uma elevada redução na força de trabalho da rede social, tendo sido dispensados cerca de 3.700 funcionários, juntando-se agora à lista os responsáveis pela confiança e segurança da plataforma.
Os membros do conselho receberam um 'correio eletrónico' por parte do Twitter a explicar que se pretende ir buscar novas ideias e perspetivas externas para o trabalho de desenvolvimento de produtos e políticas e que, por isso, o seu trabalho já não era necessário na rede social.
Na semana anterior, três membros do conselho tinham pedido demissão devido à preocupação sobre a sua capacidade de vigiar a rede social em relação a conteúdo nocivo.
Já em novembro o Twitter desmantelou o escritório que tinha em Bruxelas, o que gerou receios entre os funcionários da UE sobre se a rede social iria acolher as novas regras sobre conteúdos 'online'. Na altura, em declarações ao Financial Times, Vera Jourová, vice-presidente da UE responsável pelo código de desinformação, manifestou "preocupação com as notícias do despedimento de uma quantidade tão elevada de funcionários do Twitter na Europa" e sublinhou que, se a rede social quiser "detetar de maneira efetiva e adotar medidas contra a desinformação e propaganda, isso requer recursos".
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