'FIFA 23'. Uma ponte sólida... mas para que futuro?

A mais recente edição do maior simulador de futebol do mundo marca o fim de uma era. 2023 irá trazer o primeiro 'EA Sports FC' de sempre, que contará com boas bases, mas também com uma série de 'dores de cabeça' por resolver.

FIFA 23

© PlayStation

Carlos Pereira Fernandes
10/10/2022 10:35 ‧ 10/10/2022 por Carlos Pereira Fernandes

Tech

Análise

O ano de 2022 marca o fim de uma era, visto que a franquia 'FIFA' apresentou a sua última edição de sempre, despedindo-se de um 'reinado' que durava já desde 1993 e dando, daqui em diante, lugar ao 'EA Sports FC', o já confirmado nome do popular simulador de futebol da Eletronic Arts.

A expetativa era muita, mas a verdade é que o resultado final deixa um 'sabor agridoce' na boca. Este é, sem sombra de dúvidas, o mais realista videojogo do desporto-rei alguma vez lançado, mas a verdade é que a tendência se manteve, e o 'salto' dado em relação à última versão está longe de ser significativo.

Comecemos pelas boas notícias. 'FIFA 23' moldou o futebol virtual à imagem do futebol real, recompensando mais um estilo de jogo 'cerebral', em que os jogadores fazem circular a bola em busca de um 'buraco' na defesa que os aproxime da baliza, ao invés de um 'fantasioso', baseado em fintas e correrias desenfreadas.

É verdade que Kylian Mbappé dá, uma vez mais, a 'cara' por este simulador, mas, se pensa que pode pegar no craque do Paris Saint-Germain e fazer o que quiser dos adversários, desengane-se. O coletivo (quer a defender, quer a atacar) é mais importante do que nunca, tornando o relvado num autêntico tabuleiro de xadrez.

Falando de realismo, a tecnologia 'HyperMotion 2' é uma das mais badaladas deste ano, mas, ao contrário do que acontece ao nível da jogabilidade, não espere notar grandes diferenças. Sim, os choques e até a postura dos adversários são mais realistas, mas nada de verdadeiramente revolucionário.

A primeira grande novidade com que irá, à partida, deparar-se, chegará no momento em que tiver de bater um lance de bola parada. Ao invés de limitar-se a apontar e rematar/cruzar/passar, poderá, agora, escolher, literalmente, em que ponto da bola pretende acertar, assim como a força e a direção, o que resulta em mais cenários possíveis.

Destaque, ainda, para os chamados 'power shots'. Se carregar, em simultâneo, em R1 e L1 (na PlayStation) ou em RB e LB (na XBox), o jogador irá desferir um 'tiraço' cheio de potência à baliza, acompanhado de um momento de câmara lenta. Algo que precisa, no entanto, de ser trabalhado, visto que, além de a direção ser imprevisível, o tempo que o remate demora a ser preparado permite, em muitas das vezes, que os defesas o intercetem.

'Ultimate Team' desespera por revisão

Vamos, agora, às notícias não tão positivas. E abordemos, desde já, o 'elefante na sala', de seu nome 'Ultimate Team', um dos sistemas mais 'viciantes' da Eletronic Arts, que permite aos jogadores comprar e vender cartas até formar uma equipa de 'sonho', mas também um dos mais lucrativos.

Aqui, há três grandes pontos a ter em conta. O primeiro tem a ver com a química, o valor atribuído à ligação que os jogadores de uma equipa têm entre si, e que foi alvo de uma autêntica 'revolução', visto que, agora, vai de 0 a 33, e não de 0 a 100, já que cada elemento contribui com apenas três valores.

Uma mudança bem-vinda, visto que permite aos 'aficionados' elaborar equipas mais variadas ao nível da nacionalidade e do campeonato em que cada jogador compete. Significa isto que pode, por exemplo, construir um 'onze' com uma defesa formada por atletas da Premier League e um ataque por outros da Serie A, sem que estes vejam os respetivos atributos 'cortados'.

Significa, também, que os Desafios de Construção de Plantel são, também eles, mais difíceis, e obrigam, em muitas das vezes, a recorrer aos afamados 'packs', o que nos leva a outro ponto: as microtransições. Uma 'praga' que tem afligido este modo ao longo dos anos, e que está, mais do que nunca, presente, em particular para aqueles que pretendem adquirir os melhores jogadores para competir com os melhores.

O terceiro e último ponto dá pelo nome de 'Momentos', um modo que que coloca os utilizadores em cenários de vida real (como, por exemplo, o de defrontar o Tottenham e garantir a vitória nos minutos finais, como fez o Sporting, na segunda jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões), dando-lhes, em caso de sucesso, estrelas, que podem ser trocadas por 'packs' e outras recompensas.

Notícias ao Minuto A forma como a química é calculada é uma das maiores novidades de 'Ultimate Team'© EA Sports  

O velho modo 'Carreira'

Se não é tão fã do online e prefere jogar a 'solo', o modo 'Carreira' continua a ser a principal alternativa. No entanto, e tal como tem vindo a acontecer ao longo dos últimos anos, a sensação é de que, apesar de uma ou outra novidade, o resultado continua a ser... o mesmo, ou perto disso.

Pode assumir o controlo do seu clube preferido e conduzi-lo, jornada após jornada, ao sucesso, mas não espere um realismo ao nível de, por exemplo, um 'Football Manager'. O seu terceiro guarda-redes termina contrato no final da temporada e quer 'despachá-lo'? Não se preocupe. Não só conseguirá encontrar quem o queira comprar, sem grande dificuldade, como ainda irá receber uns bons milhões por ele.

Este ano, pode assumir o controlo de um treinador real, ou até mesmo de... Ted Lasso, o protagonista da série com o mesmo nome, emitida pela Apple TV+, e guiar o Richmond FC rumo à Premier League. Uma mera opção de marketing, visto que, ao nível das interações, a experiência será a mesma do que em qualquer outro clube.

Novidades bem-vindas

A jogabilidade não é a única boa notícia para quem optar por comprar o 'FIFA 23'. Pela primeira vez na história da franquia, o 'crossplay' é uma realidade, o que significa que poderá jogar contra os seus amigos, independentemente de terem PlayStation, XBox ou PC. Infelizmente, a edição da Nintendo Switch permanece noutro 'universo' e não contempla esta opção.

É, ainda, dada uma maior atenção ao futebol feminino, com a inclusão de todas as equipas dos principais escalões de Inglaterra e França, que se juntam às seleções. Não conte, no entanto, fazer muito com craques como, por exemplo, Sam Kerr (a primeira mulher a aparecer na capa de um jogo 'FIFA'), visto que estas equipas não estão contempladas no modo 'Carreira'.

Notícias ao Minuto O futebol feminino está cada vez mais integrado na franquia© EA Sports  

Considerações finais

Analisar videojogos deste tipo de franquias é sempre ingrato. Sim, 'FIFA 23' é uma ótima experiência, quer a nível de jogabilidade, quer ao nível dos vários modos, se o analisarmos isoladamente. No entanto, dado o preço e o legado que leva já nesta indústria, é legítimo pedir que sejam dados passos mais largos no sentido de oferecer a quem o joga a sensação de que tem, verdadeiramente, algo de novo em mãos. Há bases sólidas, mas trará o 'EA Sports FC' o 'salto' necessário?

Pontos positivos

- Nunca um videojogo refletiu tão realisticamente aquilo que é uma partida de futebol

- Os gráficos e os embates estão melhores do que nunca, com o 'upgrade' da tecnologia 'HyperMotion'

- O 'crossplay' é, finalmente, uma realidade que permite levantar as barreiras entre as várias plataformas

Pontos negativos

- Os dois principais modos, 'Ultimate Team' e 'Carreira', foram ligeiramente alterados, mas precisam de uma séria revisão

- Os menus continuam algo 'atabalhoados', e obrigam o utilizador a dar, por vezes, demasiados passos para fazer tão pouca coisa

- No cômputo geral, parece uma mera atualização de 'FIFA 22', ao invés de um jogo novo vendido a (pelo menos) 79,99 euros

Ideal para...

O 'FIFA 23' continua a ser, sem sombra de dúvida, a opção primordial para quem procura um simulador de futebol. Seja para sessões mais prolongadas ou para meras 'peladinhas' entre amigos, não encontrará melhor retrato daquilo que se passa dentro das quatro linhas, assim como a espetacularidade que as envolve.

Leia Também: ‘FIFA 23’ já chegou às lojas, mas tem recebido críticas no PC

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