"O 5G é provavelmente a melhor coisa que pode acontecer na Europa nos próximos dois anos. Precisamos de uma competição saudável para trazer benefícios reais às pessoas e à sociedade em geral", afirmou hoje o responsável da Huawei para as instituições europeias e vice-presidente da empresa para a Europa, Abraham Liu.
Falando aos jornalistas no centro de cibersegurança da empresa, em Bruxelas, após a empresa apresentar na China os resultados financeiros do primeiro semestre, Abraham Liu notou que a União Europeia (UE) está "a tomar, legitimamente, as suas próprias decisões sobre o 5G", numa alusão à possibilidade dada pela Comissão Europeia aos Estados-membros de poderem eliminar dos seus mercados empresas por razões de segurança, aquando da implementação desta tecnologia.
"A Europa está a definir altos parâmetros [na área da cibersegurança], mas não importa o quão altos são esses parâmetros, a Huawei está confiante que os vai alcançar", acrescentou o responsável, vincando que "toda a indústria deve trabalhar em conjunto e fazer o mesmo".
Abraham Liu disse ser "com agrado" que a Huawei vê a "caixa de ferramentas sobre segurança na tecnologia 5G" que está a ser criada pelos Estados-membros.
Assumida como uma prioridade desde 2016, a aposta no 5G já motivou também preocupações com a cibersegurança, tendo levado a Comissão Europeia, em março deste ano, a fazer recomendações de atuação aos Estados-membros, permitindo-lhes desde logo excluir empresas 'arriscadas' dos seus mercados.
Bruxelas pediu, ainda, que cada país analisasse os riscos nacionais com o 5G, o que aconteceu até ao mês passado, seguindo-se agora uma avaliação geral em toda a UE para, até final do ano, se encontrarem medidas comuns de mitigação das ameaças.
A Europa é o maior mercado da Huawei fora da China. De um total de 50 licenças que a empresa detém para o 5G, 28 são para operadoras europeias.
O desenvolvimento desta tecnologia tem, contudo, sido marcado por acusações de espionagem nas redes 5G que a administração norte-americana tem feito à empresa chinesa.
Washington, que proibiu já a Huawei de participar na implantação do 5G em solo norte-americano, está também a pressionar os aliados a tomarem medidas semelhantes, incluindo Portugal, que desvalorizou as pressões.
Hoje, a Huawei divulgou que as vendas no primeiro semestre do ano aumentaram 23,2%, para o equivalente a 52.333 milhões de euros, apesar da ofensiva de Washington para boicotar a gigante chinesa das telecomunicações.
Nos primeiros seis meses de 2019, a Huawei vendeu 118 milhões unidades de diferentes produtos, incluindo uma subida homóloga de 24% nas vendas de telemóveis.
Trata-se de um ritmo de crescimento superior ao registado na totalidade de 2018, de 19,5%.
Em Bruxelas, Abraham Liu disse aos jornalistas que estes resultados mostram "resiliência", apesar das pressões dos Estados Unidos, que também incluem barreiras à venda de tecnologia de empresas norte-americanas à Huawei.
E notou que "o que não mata a Huawei, torna-a mais forte".
Abraham Liu afirmou ainda não esperar "um impacto de maior" na faturação da companhia na UE devido a esta tensão.