“Sinto uma enorme preocupação quanto ao futuro sustentável do nosso país. [Esta instabilidade política] pode pôr em causa todo o programa que estava a ser implementado há dois anos, com custos reais - e até brutais - para a maioria dos portugueses”, disse à agência Lusa Fernando Nobre, um dos candidatos derrotados nas eleições presidenciais que Cavaco Silva venceu em 2011.
Para Fernando Nobre, é preciso que a classe política revele “maior sensibilidade, responsabilidade e competência”, e que “coloque os assuntos do país acima dos assuntos particulares e dos assuntos partidários”.
Se não houver “bom senso e alto sentido de responsabilidade na condução dos assuntos do Estado”, considerou, “tudo pode revelar-se desastroso”.
“Acho que nesta fase que o país está a viver – e estamos a ver os resultados no aumento das taxas de juro e nos resultados da bolsa – a estabilidade é o valor mais precioso que podemos ter”, concluiu.
Fernando Nobre protagonizou a primeira divergência entre a coligação PSD/CDS-PP, em junho de 2011. No dia 15, o presidente do PSD e primeiro-ministro indigitado, Pedro Passos Coelho, confirmava que os sociais-democratas iam levar a votos a candidatura do médico a presidente da Assembleia da República, matéria excluída do acordo de coligação assinado com o CDS-PP.
No dia 20 de junho de 2011, o presidente do CDS-PP, Paulo Portas, defendia que Fernando Nobre não era a "pessoa adequada" para a presidência da Assembleia da República. Horas mais tarde, a candidatura foi chumbada pelos deputados, duas vezes consecutivas, não conseguindo, sequer, um número de votos favoráveis igual ao número de deputados do PSD.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, apresentou na terça-feira o seu pedido de demissão ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, uma decisão que classificou como "irrevogável" e que justificou com a discordância na escolha de Maria Luís Albuquerque para a pasta das Finanças, depois da saída de Vitor Gaspar, na segunda-feira.
Na terça-feira à noite, numa declaração ao país, Pedro Passos Coelho anunciou que tenciona manter-se como primeiro-ministro e disse que seria "precipitado" aceitar de imediato o pedido de demissão de Paulo Portas, pelo que não propôs a exoneração do ministro dos Negócios Estrangeiros ao Presidente da República.
Pedro Passos Coelho comunicou ainda a intenção de esclarecer as condições de apoio político ao Governo de coligação com o CDS-PP e o sentido da demissão do ministro Paulo Portas.
Hoje está a decorrer uma reunião da comissão executiva do CDS-PP, onde têm assento os membros do 'núcleo duro' da direção do partido.