‘A Pisar Ovos’ é o sugestivo título do artigo de opinião que Manuel Maria Carrilho assina hoje no Diário de Notícias, e no qual fala sobre o “imobilismo europeu [que] continua em marcha” e que o Conselho Europeu, que reúne hoje e amanhã em Bruxelas, não deverá deter.
“Os problemas estão diagnosticados, as opções estão identificadas, as consequências estão equacionadas… e nada! Continua-se a pisar ovos, numa confissão de incompetência e impotência que está a liquidar o projecto europeu junto dos cidadãos, fazendo-o passar do estatuto de grande ideal dos povos para o óbvio culpado de todas as desgraças”, escreve Carrilho, salientando que “todos os anúncios dos últimos conselhos e cimeiras continuam em fila de espera”.
Face a este cenário em que a “Europa já só avança o que recua”, não é de admirar que “por todo o lado se multipliquem sinais do grande motim antieuropeu”, com “Beppe Grillho em Itália, os alternativos do AfD na Alemanha, o Partido para a Liberdade de Geert Wilders na Holanda, os ‘Verdadeiros Finlandeses’, e o UKIP de Nigel Farage”.
“Mas, entretanto, os responsáveis políticos europeus continuam, como se nada acontecesse, a retirar as narratretas mais estafadas”, afirma o ex-ministro socialista, esclarecendo que “o que verdadeiramente vai fazer mudar as coisas” não são as eleições na Alemanha mas “a inevitável entrada [do país de Merkel] em recessão”.
Carrilho remata o seu artigo avisando que “pisar os ovos já chega”. Era, por isso, “bom que [os líderes europeus tomassem] decisões claras, com objectivos e timings bem definidos”.