O bloquista João Semedo questiona, num texto publicado na sua página de Facebook, o posicionamento do Partido Comunista Português (PCP) face à situação política na Venezuela. Concretamente, o reconhecimento pelo partido da legitimidade da Assembleia Nacional Constituinte - resultantes de eleições consideradas por muitos países fraudulentas.
Em virtude desse posicionamento, o PCP criticou a decisão do Governo português, afirmando que o não reconhecimento da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela é "contrária aos interesses da comunidade portuguesa naquele país e do necessário restabelecimento das condições de estabilidade política".
Passando "por cima de o PCP usar a comunidade portuguesa como escudo para sustentar as suas opiniões", João Semedo não deixa de se interrogar "como é que alguém pode achar que na Venezuela há, neste momento, condições políticas para a realização de eleições livres e democráticas, seja qual for a posição que tiver sobre o conflito na Venezuela".
E recua até 74 para mostrar incoerências no posicionamento do PCP. "No seu VII Congresso, quando crescia em determinados círculos da Esquerda a dúvida sobre a existência ou não, em Portugal, de condições para realizar eleições democráticas para a Assembleia Constituinte, ou se seria melhor adiá-las, o PCP reclamava: 1. Lei eleitoral que garanta o carácter democrático de todas as fases do processo eleitoral e a genuinidade da consulta popular. 2. Recenseamento sério e fiscalizado. 3. Termo imediato das discriminações em relação a partidos políticos na Televisão e outros meios de informação do Estado. Participação na direção destes serviços das forças políticas mais representativas.”
Perante estas condições para a realização de eleições dentro de portas, João Semedo questiona se algum destes pontos está garantido, hoje, na Venezuela. "Ou, para o PCP, o que é válido para a democracia portuguesa não se aplica na Venezuela?", remata.