Presidente da ERC diz que está "sequestrado" e pede sucessor
O presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), Carlos Magno, que está "à espera que o parlamento vote" o seu sucessor, defendeu hoje a necessidade de a Assembleia da República rever e alterar a lei das sondagens.
© Global Imagens
Política Carlos Magno
"Eu estou aqui sequestrado porque a Assembleia da República ainda não elegeu o novo conselho regulador (...), porque estou sempre à espera de ser substituído e não aceito compromissos a mais de uma semana", afirmou Carlos Magno durante a participação numa mesa redonda no Congresso Anual da Associação Portuguesa de Anunciantes, em Cascais.
Da mesma maneira que está "à espera que o parlamento vote" o seu sucessor, o presidente da ERC disse aguardar que "o parlamento vote uma alteração à lei das sondagens, quanto mais não seja por razões tecnológicas".
"Não é normal que um regulador diga que quer rever uma lei que é obrigado a aplicar. Eu digo isto, primeiro, porque estou quase de saída e, segundo, porque já o disse várias vezes ao parlamento", defendeu.
Carlos Magno considerou que há "vários problemas sobre os quais seria bom falar", propondo que a revisão à lei das sondagens não incida apenas nas sondagens políticas.
A eleição que o parlamento terá de fazer de quatro elementos para o conselho regulador da ERC, que terminaram o mandato em novembro, está neste momento num impasse.
O presidente da ERC participou hoje numa mesa redonda sobre "Políticos, Media e Sondagens, em quem podemos confiar?", moderada pelo antigo ministro do PSD Miguel Relvas e com intervenções do ex-líder social-democrata Marques Mendes e do ex-ministro socialista Jorge Coelho.
Jorge Coelho -- que se assumiu como um "consumidor compulsivo de estudos de opinião" -- recordou dois momentos cruciais na sua história enquanto responsável pela máquina das eleições do PS nos quais estes mecanismos foram utilizados.
O primeiro destes momentos foi quando, em 1995, o antigo primeiro-ministro António Guterres teve "a branca" a propósito do PIB (Produto Interno Bruto) e, apesar da preocupação de Jorge Coelho, as sondagens mostraram o contrário já que "aconteceu a consolidação, por um mero acaso, de um homem novo e diferente", que era igual aos outros e também falhava.
O socialista deu ainda o exemplo da campanha na qual José Sócrates foi eleito com maioria absoluta chefe do executivo, quando a dado momento "houve uma campanha vinda do Brasil, ao que se dizia, a colocar os seus costumes de natureza sexual em causa".
"Aí foi um 'focus group' onde verificamos que uma parte significativa das pessoas dizia que isso não podia ser verdade, mas a maior parte dizia que não queria saber disso para nada", recordou, explicando que assim "deixaram de falar do assunto e aquilo foi desta para melhor".
Jorge Coelho foi perentório e disse que, independentemente de dizerem o contrário, "os políticos vivem obcecados por sondagens".
Já Marques Mendes defendeu que "a credibilidade é um bem inestimável" e que "as sondagens são um instrumento importante para a cidadania e para a democracia" e "por isso tem que ser cuidado".
"Eu julgo que uma boa forma de o cuidar era o recurso à autorregulação no sentido de acentuar a qualidade, o rigor e a credibilidade das sondagens", propôs.
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