MP suspeita de "conluio" entre funcionários do FC Porto e Super Dragões

O Ministério Público (MP) suspeita de "conluio" entre funcionários ligados ao FC Porto e uma empresa associada e membros dos Super Dragões na aquisição de bilhetes para jogos de futebol depois vendidos no 'mercado negro', levando a buscas hoje realizadas.

PORTO, PORTUGAL - SEPTEMBER 25: Fans 'Super Dragoes' of FC Porto during the Allianz Cup match between FC Porto and CD Santa Clara at Estadio do Dragao on September 25, 2019 in Porto, Portugal. (Photo by Quality Sport Images/Getty Images)

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Lusa
12/05/2024 18:14 ‧ 12/05/2024 por Lusa

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Ministério Público

"De toda a prova reunida até ao momento e devidamente documentada não existem dúvidas de que são várias as pessoas com lucros consideráveis referente à venda irregular de bilhetes, o que lesa claramente o FC Porto, e o Estado, o que é 'conhecido e aceite' no seio do clube como moeda de troca pelo apoio da claque", pode ler-se nos mandados de busca e no inquérito a que a Lusa teve hoje acesso.

Segundo estes documentos, o MP partiu das suspeitas relacionadas com Fernando Madureira, líder da claque envolvida, e a esposa, Sandra Madureira, e agora ultrapassou a Operação Pretoriano.

Em causa estão crimes de distribuição e venda de títulos falsos ou irregulares/distribuição e venda irregular e também abuso de confiança qualificado, com buscas não domiciliárias aos administradores Rui Lousa, da Porto Comercial, e Alípio Jorge, responsável pelas casas do clube, entre outros.

A investigação "levou já a que se identificassem outros indivíduos suspeitos" na prática de distribuição ilícita de bilhetes para jogos de futebol do clube 'azul e branco', tendo ainda revelado como esta atividade "se reorganizou e adaptou à nova realidade após a Operação Pretoriano", que levou à detenção do líder dos Super Dragões.

A partir dos factos captados no inquérito, tornou-se ostensiva a existência de uma atividade ilícita altamente rentável em torno da chamada bilhética do FC Porto que envolve - 'prima facie' - funcionários e o grupo organizado de adeptos Super Dragões", pode ler-se no inquérito.

Através da ligação a funcionários do clube, Fernando Madureira levantava os bilhetes destinados à claque mas também outros identificados como pertencentes a atletas, recursos humanos e outras designações, vendendo-os no 'mercado negro', quando estes são de acesso exclusivo de funcionários do clube.

As "estreitas ligações" de arguidos como 'Aleixo', Vitor Manuel Oliveira, a funcionários dos 'dragões' com vista a este esquema também são destacadas no inquérito, que aponta a Cátia Guedes, que lidera a operação de emissão de bilhetes, Fernando Saul, oficial de ligação aos adeptos, Márcia Fonseca, da Porto Comercial, Manuel António Magalhães, funcionário da bilheteira, e dois "elementos superiores", José Pedro Dias e Rui Lousa.

FC Porto. Mais de 10 arguidos e dinheiro e bilhetes apreendidos em buscas

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A PSP adiantou hoje que foram aprendidos "vários milhares" de bilhetes para jogos e dinheiro nas buscas que decorrem na Porto Comercial e na loja do associado do Futebol Clube do Porto, tendo várias pessoas sido constituídas arguidas.

Lusa | 12:28 - 12/05/2024

A criação de 'casas' do FC Porto sem sede física, para obtenção de bilhetes, a revenda de convites e outros ingressos gratuitos são aqui descritos, assim como a continuação da operação ilícita após a detenção de Fernando Madureira.

Segundo o MP, a suspeita recai sobre a família do líder da claque, no caso a filha e os avós desta, que prosseguiram a operação que, segundo se suspeita, envolve a conivência e "conluio" entre funcionários do clube e membros da claque.

A PSP adiantou hoje que foram aprendidos "vários milhares" de bilhetes para jogos e dinheiro nas buscas que decorrem na Porto Comercial e na loja do associado do FC Porto, tendo várias pessoas sido constituídas arguidas.

Fonte oficial da PSP disse à Lusa que "já foram apreendidos vários milhares de ingressos para espetáculo desportivo, quantias monetárias e já foram, também, constituídos arguidos mais de uma dezena de indivíduos".

A mesma fonte referiu que as buscas iniciaram-se ao inicio da manhã para "dar cumprimento a vários mandados judiciais" e estão a ser feitas "com o apoio de diversas valências policiais".

As buscas aconteceram horas antes de o FC Porto, terceiro classificado da I Liga, com 66 pontos, receber o 'vizinho' Boavista, 14.º, com 31, a partir das 20:30, no dérbi portuense da 33.ª e penúltima ronda, sob arbitragem de Artur Soares Dias, da associação do Porto.

A Operação Pretoriano investiga os incidentes ocorridos na Assembleia Geral (AG) do FC Porto, em 13 de novembro de 2023, sustentando o MP que a claque Super Dragões pretendeu "criar um clima de intimidação e medo", para que fosse aprovada a revisão estatutária "do interesse" da então direção 'azul e branca', liderada por Pinto da Costa.

Em 31 de janeiro deste ano, a PSP deteve 12 pessoas - incluindo dois funcionários do FC Porto e o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, que continua em prisão preventiva, juntamente com Hugo Carneiro.

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