A carta em que Theresa May acionou o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, que permite a saída da União Europeia, nunca refere Gibraltar.
“Mas Donald Tusk, na resposta, não se esqueceu”, algo que terá surgido por iniciativa espanhola, como destacou Miguel Sousa Tavares no seu espaço de comentário no telejornal da SIC, nesta segunda-feira.
O tema está na ordem do dia e o comentador faz questão de destacar que os gibraltinos são, na sua maioria, britânicos, e que no passado “já votaram em dois referendos pela permanência na Inglaterra, e largamente”. No entanto, “quando foi a votação do Brexit, [também] votaram em massa para ficar dentro da União Europeia, ao contrário da globalidade do Reino Unido”.
“Espanha nunca se conformou bem com o tratado de Utrecht que lhe retirou Gibraltar. Com o andar dos séculos, Gibraltar tornou-se uma posição estratégica fundamental, porque domina a passagem do estreito. Durante a Segunda Guerra Mundial foi fulcral e ainda hoje passa por ali metade do comércio marítimo mundial”, realçou Sousa Tavares.
“É evidente que os gibraltinos querem o melhor de dois mundos: serem cidadãos ingleses e europeus ao mesmo tempo. Uma vez que Inglaterra decidiu que não quer continuar a ser parte da União Europeia, temos aqui um problema”, um em que “a senhora [Theresa] May não pensou nisso”. E essa será uma das dúvidas que o processo de Brexit, que vai decorrer durante os próximos dois anos, terá de esclarecer.