A comissária europeia da Concorrência, Margrethe Vestager, admitiu hoje a possibilidade de o Estado português manter 25% do capital do Novo Banco, não especificando, no entanto, que compromissos traz esta mudança.
Em reação a estas notícias, Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, defendeu que a solução que o Governo está a negociar com Bruxelas para o Novo Banco é o “pior dos dois mundos”.
Miguel Sousa Tavares não vai tão longe, no seu espaço de comentário da SIC Notícias, mas não augura nada positivo. “Eu não sei se este é o pior de dois mundos, como diz a Catarina Martins, mas sei que não há um mundo bom à espera do Novo Banco”, indicou.
Esclarecendo que “o objetivo da resolução falhou em toda a linha”, pois todo o investimento do Estado “está perdido” (“o preço que a Lone Star vai oferecer é simbólico”), Sousa Tavares ainda criticou o facto de o Estado ficar com 25% mas sem poder de gestão.
“O Estado vai entrar com 25% mas não tem nenhum poder da gestão que é uma figura jurídica que eu não conheço em mais lado nenhum do mundo”, sustentou. “Nós inovamos com a resolução da Novo Banco, ainda ninguém fez igual, e agora vamos inovar também com esta solução”, acrescentou.
Haverá alternativa? “Só há duas: ou a liquidação do banco ou a nacionalização. Para os que defendem a nacionalização eu recordo apenas que se fosse nacionalizado era preciso recapitalizar todo o banco, ou seja, a conta para os contribuintes aumentava, imediatamente”, alertou.
Partidos como o Bloco de Esquerda e PCP têm defendido a nacionalização. “Eu acho que Governo tem obrigação de dizer aos partidos da Esquerda que estão contra esta solução que apresentem uma alternativa que não seja apenas ideológica porque tanto como PCP como o BE são a favor de nacionalizar tudo, a favor de uma ideologia”, atirou.
Recorde-se que desde fevereiro que o Governo está a negociar a venda do Novo Banco em exclusivo com o fundo norte-americano Lone Star.